Ajeita a tralha e latinhas no isopor, a vara no bagageiro da Brasília. Pescaria promete.
Dia com sol, bonito, vento fraco.
Telefone toca, é Maurício dizendo que não vai.
"Que pena". Amigo bom taí, deu as cervejas, não pode pescar.
"A que horas volta?"- mulher pergunta.
"Seis, ou mais"- é a resposta.
Se apressa.
Chega no rio. Joga a isca na água.
Anzol enrosca numa rede.
Puxa devagar.
"Tá cheia". 32 lambaris, 9 bagrinhos, vivos.
Rede rodou à noite.
"Que sorte!”
Não vê ninguém que possa ser o dono.
Põe no embornal e sai,
"Amigo deu as cervejas, darei a peixada".
Chega, entra, nota silêncio e fogão frio,
"Será que foi almoçar na mãe?"
Escuta ruído.
Abre a porta do quarto, mulher trêmula na cama.
Debaixo, parte de perna.
Manda sair.
É o Maurício.
Fonte:
Renato Benvindo Prata. Azarinho e o caga-fogo. Paranavaí/PR: Eg. Gráf. Paranavaí, 2014.
Livro enviado pelo autor.
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