sábado, 2 de novembro de 2019

Retalhos Poéticos I


Amilton Maciel Monteiro
São José dos Campos/SP

MINHAS QUATRO ESTAÇÕES


Foi plena Primavera a minha infância
vivida com carinhos de meus pais ,
sentindo sempre, em toda circunstância,
que o amor dos dois é o que valia mais!

Na juventude tive a incrível ânsia
de tudo ver bem rápido demais!
E abrasador Verão, em discordância
ao que hoje sei que não terei jamais!

E todo o Outono meu, de certa forma
foi de pacata vida cidadã:
fiel marido e pai, dentro da norma...

E agora neste inverno em que convivo
com as dores próprias de minha alma anciã,
traço poesia como lenitivo!

Elisa Alderani
Ribeirão Preto/SP

CREPÚSCULO


Quantas vezes nos surpreendemos
à frente da realidade...
Inútil a fuga...
estragos do tempo
vestem nossos corpos
cansados...

Mas, em nosso olhar
o brilho da alma aparece
mantém acesa
a chama dos sonhos
que jamais se apagam!

A idade nos dá liberdade...
cada dia bem vivido
com novo sabor!
No crepúsculo tem
do dia, a mais bela luz!

O sopro divino
mistura-se com a realidade
doando-nos sabedoria,
brilha igual as estrelas
em nosso olhar!

Francisco José Pessoa
Fortaleza/CE

UMA DÉCIMA


Resolvi apagar a solidão
E acender uma luz dentro do peito
Renegar que problema não tem jeito
E parti pra encontrar a solução
Sob a luz do farol da intuição
Entreguei meu destino, meu porvir,
Aprendi que a dor ensina a sorrir
E nesse labirinto que é a vida
Você hoje não tem mais a saída
A não ser que me chame pra dormir

João Batista Xavier Oliveira
Bauru/SP

DESPERTAR


Nesta esfera conturbada
onde o tempo é açodamento,
o amor é flor digital,
auroras sem firmamento...
o poeta resvalando
vai catando os resquícios
das cantigas de ninar...
vai juntando, vai formando,
e um anjo vai despertar!

Desenha um bosque florido,
redes e meditações.
Os arrebóis agradecem,
tecem elucubrações...
O poeta continua
vai catando os pingos d´ouro
das cantigas de viver...
vai amando, vai criando,
e um novo céu vem soer!

Assim é o ciclo da vida:
o amor é o cerne de tudo,
nesta esfera conturbada
que forja um poema mudo...
mas os eflúvios são fortes;
não há resquício que morra
nas cantigas de ninar...
a esperança fortalece
e até o anjo faz chorar!!

Olivaldo Júnior
Mogi Guaçu/SP

UM RESTINHO DE POESIA

31 de outubro: Dia Nacional da Poesia
Contra tudo o que é ruim,
no balcão do dia a dia,
um vislumbre do sem-fim,
um restinho de poesia...

Cravo e rosa no jardim,
um João e mais Maria,
um travesso querubim,
um restinho de poesia...

Voz em prol dos oprimidos,
tão valentes pe(s)cadores,
a poesia em meus ouvidos!...

Não bastante, só rumores,
um restinho dos sentidos,
a poesia, os seus cantores.

Pedro Du Bois
Balneário Camboriú/SC

EXIGÊNCIAS


O rito exige o desassossego
do artista no plano
em que se apresentam
cenas improvisadas

o rito exige respeito ao momento
em que o poeta desrespeita
o tempo na hora em que palavras
atropelam o rigor e o texto explode
no papel

o rito exige o cumprimento
negado ao que ocorre
na memória recuperada
quando me vejo em você.

SÁ de Carvalho
Angra dos Reis/RJ

VOCÊ


Eu sou você, mas não tenho você.
Você me possui, mas não possuo você.
Você arrebata-me, nocauteia-me, abate-me
e de mim se apossa por inteiro.
Prisioneira desse algoz,
recolho toda dor chorada,
enrosco em mim a tristeza, mergulho num poço de fel
e tenho de mim muita pena.
Por que meu coração não me obedece?
Por que meus olhos ficam opacos
quando não vejo a luz dos olhos teus?
Por que devo sentir-me um trapo
quando tantos outros ,de mim, querem um trato?
por que é para você minha vontade, minha vida?
Então, sem respostas, em prece, rogo,
que você se entregue a mim,
que nos meus braços se abandone,
que retribua os meus beijos,
que se delicie com meus afagos,
enfim, que se deixe amar por mim..
Tendo você assim subjugado, inerte, impotente
ficarei feliz por finalmente tê-lo como meu prisioneiro!

Samuel da Costa
Itajaí/SC

CAMPOS ELÍSEOS


Eu ainda lembro...
Das partidas & dos desencontros
Do nosso ocaso
Do amor
Como se fosse hoje…

E você não está mais ao meu lado
Contudo, eu ainda lembro
Mas não deveria lembrar
Da minha hora do ocaso
Das partidas...
Das despedidas...
Dos encontros casuais...
Ali no meio da rua
De você na minha vida...
Da minha vida
Sem sua doce presença

Eu ainda lembro
De você na minha vida
Mas não deveria lembrar...
Mesmo assim ainda lembro
Do seu sorriso
Da sua hora do ocaso
Da sua doce presença na minha vida
Sempre marcante...
Das suas marcas
Do seu sorriso marcado
Do seu corpo marcado
Eu sempre lembrarei
Mas não deveria
Mesmo assim, ainda lembro...
Da sua doce presença
Na minha vida...

Silmar Bohrer
Caçador/SC

quem lê
sabe mais
e
não vai atrás
de tantos mitos
que contaminam
os mundos
nos tornando
mais moribundos

Teresinka Pereira
Estados Unidos

NÓS


Nós que escrevemos no papel,
no computador, no guardanapo,
no recibo do mercado,
na beirada do jornal,
no prato ou nas árvores,
nós que falamos ao vento
com voz de poesia
e palavras de pedra,
somos incansáveis
transeuntes da noite,
nômades sem sono
loucos e defeituosos
bruxos descuidados.
Nós vamos sonhando
e seguimos acreditando
no poder do amor.

Vivaldo Terres
Itajaí/SC

ALMA ILUDIDA


Como é bela a juventude,
Nos áureos tempos da vida.
Enche-nos de esperanças,
E nos deixa a alma iludida.

Pensando que essa alegria,
E plena felicidade...
Seguira por toda vida,
Sem tristeza e sem saudade.

Pobres jovens desconhecem.
O transcorrer da existência,
Depois de muita alegria.
Dos amores do passado,
Vem-nos a melancolia...
A angústia e o desagrado.

Ah! Se a vida nos fosse sempre,
O fulgor da juventude.
De alegria e felicidade,
Sem tristeza e sem saudade.

Fonte:
Poemas enviados pelos poetas

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