BRASIL CABOCLO
Miséria, luto, tristeza,
eis o que existe no duro,
e do país o futuro
anda ao sabor da incerteza!
Sem ter um porto seguro,
corre ao céu da correnteza.
Gigante por natureza,
vagando às tontas no escuro!
Pobre nação que rebola
no bambolê coca-cola,
e tem prestígio de bamba...
Brasil, caboclo estouvado!
Mané Garrincha escolado
do futebol e do samba!
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CARNAVAL
Carnaval é bacanal
que faz, no tríduo* momesco,
o bem transformar-se em mal
e o que é sublime em grotesco!
Mas muita gente, afinal,
tem com Momo parentesco.
Cai nessa orgia infernal
e faz da “pinga” refresco!
Pondo à mostra o que era oculto,
canta, grita, faz tumulto,
e o mais, que é próprio da festa,
Disfarça na quarta-feira,
saindo à rua, lampeira,
com cruz de cinzas na testa!
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* Tríduo = festa de três dias.
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MAU NEGÓCIO
Eu seria feliz se fosse um burro,
que após um dia de labor constante,
é livre de espojar e dar seu zurro
no fofo chão de um prado verdejante!
Porém, malgrado meu, o último urro
já dei na fase de macaco errante,
quando gente eu quis ser, para dar “murro”
na conquista de um mundo agonizante!
Hoje, vendo a “burrada” cometida,
pretendo permutar o meu estado
por tudo que o asno passa nesta vida.
Mas vejo, neste tédio em que me esturro,
que embora fique a sela em meu costado,
é muito mal negócio para o burro!
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PARTIDA DE XADREZ
Peão, quatro de rei, é o movimento
no início da enxadrística batalha.
Cavalo, três de bispo, e a passo lento
prossegue o jogo e tudo se embaralha!
A investida das pretas, num momento,
tem a fúria indomável da metralha.
Mas as brancas conseguem, com talento,
transpor galhardamente esta muralha!
Bispos, cavalos, torres - tudo avança!
E quando o fim da luta se avizinha,
o grupo branco vê, ao prepara-lo...
Que o rei, acossado, sem tardança,
fugindo ao forte assédio da rainha,
sucumbe ao xeque-mate do cavalo!
= = = = = = = = =
SONETO DE NATAL
No Natal sempre lembro a minha infância pobre.
Os meus bois de sabugo e os barcos de papel,
a cocada baiana a dois vinténs de cobre
e uma velha colmeia onde eu roubava mel!
Galhos frágeis mas sãos de tronco antigo e nobre,
eram meu pai Elpídio e minha mãe Isabel.
Por mais que sofra o humilde e em lutas se desdobre,
não pode dar ao filho um bom Papai Noel!
Por isso eu sou assim, desde a infância modesta,
infenso a este Natal de tão ruidosa festa,
e à tradição cristã sobre o Papai Noel...
Que ao rico tudo dá e tudo nega ao pobre,
até mesmo a cocada e os dois vinténs de cobre,
mais os bois de sabugo e os barcos de papel!
MAU NEGÓCIO
Eu seria feliz se fosse um burro,
que após um dia de labor constante,
é livre de espojar e dar seu zurro
no fofo chão de um prado verdejante!
Porém, malgrado meu, o último urro
já dei na fase de macaco errante,
quando gente eu quis ser, para dar “murro”
na conquista de um mundo agonizante!
Hoje, vendo a “burrada” cometida,
pretendo permutar o meu estado
por tudo que o asno passa nesta vida.
Mas vejo, neste tédio em que me esturro,
que embora fique a sela em meu costado,
é muito mal negócio para o burro!
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PARTIDA DE XADREZ
Peão, quatro de rei, é o movimento
no início da enxadrística batalha.
Cavalo, três de bispo, e a passo lento
prossegue o jogo e tudo se embaralha!
A investida das pretas, num momento,
tem a fúria indomável da metralha.
Mas as brancas conseguem, com talento,
transpor galhardamente esta muralha!
Bispos, cavalos, torres - tudo avança!
E quando o fim da luta se avizinha,
o grupo branco vê, ao prepara-lo...
Que o rei, acossado, sem tardança,
fugindo ao forte assédio da rainha,
sucumbe ao xeque-mate do cavalo!
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SONETO DE NATAL
No Natal sempre lembro a minha infância pobre.
Os meus bois de sabugo e os barcos de papel,
a cocada baiana a dois vinténs de cobre
e uma velha colmeia onde eu roubava mel!
Galhos frágeis mas sãos de tronco antigo e nobre,
eram meu pai Elpídio e minha mãe Isabel.
Por mais que sofra o humilde e em lutas se desdobre,
não pode dar ao filho um bom Papai Noel!
Por isso eu sou assim, desde a infância modesta,
infenso a este Natal de tão ruidosa festa,
e à tradição cristã sobre o Papai Noel...
Que ao rico tudo dá e tudo nega ao pobre,
até mesmo a cocada e os dois vinténs de cobre,
mais os bois de sabugo e os barcos de papel!
Fonte:
Athos Fernandes. Miscelânea Poética. 1979.
Athos Fernandes. Miscelânea Poética. 1979.
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