quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Estante de Livros (Margot, de Alfred de Musset)


Numa bela narrativa, o famoso novelista francês Alfred de Musset (Paris/França, 1810 – 1857) retrata com perfeição como as diferenças de cultura e de classe determinam o desfecho de uma história de amor na França do século XIX.

Em Margot, do francês Alfred de Musset, uma velha senhora vive tranquilamente em Paris no começo do século XIX com sua dama de companhia, que na verdade revela-se uma ladra. Depois de tentar substituí-la sem sucesso por duas vezes, a Senhora Doradour manda buscar então a filha dos zeladores de sua casa de campo, uma jovem de 16 anos que é o orgulho da família Piédeleu. Graciosa e ingênua, a jovem Margot troca então o interior pela efervescente Paris.

Na mansão da senhora Doradour, tudo para ela é deslumbramento, dos espelhos do quarto à banheira de água morna enfeitada de grifos dourados. Mas principalmente Gaston, filho da dona da casa, um oficial dos Hussardos que passa ali alguns dias de folga e que, ao parar diante da janela, a surpreende no banho, despertando nela ilusões pueris. Descobrindo-se subitamente apaixonada, a jovem conhece então as agruras de um amor impossibilitado pelas diferenças sociais na França do século XIX. Sem ter seus sentimentos correspondidos, a inocente Margot torna-se protagonista de uma história de arrebatamento e frustração.

A obra confirma a versatilidade do estilo de Musset, que, nela, atinge momentos de inigualável sutileza.

Acompanhamos nessa curta história, a imagem do autor de como são as jovens: inocentes e sonhadoras, que se apaixonam profundamente e que são capazes de morrer, se não correspondidas.

Para época, é uma imagem muito comum das garotas, apesar de muito estereotipada. O livro também explora as relações sociais da época, principalmente as diferenças entre classes sociais.

É um romance muito bem escrito, com uma leitura fluida. Mas o melhor do livro é o final: realmente surpreendente.

Musset por vezes indica alguns pensamentos filosóficos:

"É que a sabedoria é um trabalho, e para ser apenas razoável, temos de dar um monte de problemas, enquanto que para bobagens, você só tem que deixar ir. "

Uma análise profunda do psicológico despertar do amor em Margot, ao pensar na "alegria de uma família".

"Sentar-se entre os seus oito irmãos, ela brilhou e se alegraram a vista, como um milho em um buquê de trigo. "

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