sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Filemon Martins (Poemas Escolhidos) XIX


AMOR SUPREMO

Meu coração recorda, emocionado,
o amor que norteou a minha vida,
e continua presente e bem guardado
na inspiração dos versos meus, querida.

Envolto nas lembranças do passado
preservo o que vivi, de fronte erguida.
Vou galopando pelo verde prado
onde a Esperança mora e faz guarida.

E enquanto o coração bater, sedento
vou prosseguir buscando o meu intento:
— continuar feliz por onde eu for.

Quero rever a Luz da madrugada
e despertar ao som da passarada
para viver, contrito, o nosso amor!
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BARRA DO MENDES

Barra do Mendes no Sertão Baiano,
és bela, culta, forte e hospitaleira,
povo trabalhador, feliz e humano
em busca da amizade verdadeira.

A vitória de um povo veterano
na construção da paz alvissareira
garante que o progresso, soberano,
já chegou na cidade brasileira.

E quando chega alegre, o viajante,
ela oferece abrigo ao visitante
e as belezas do nosso Chapadão.

Eu quero te saudar, Barra do Mendes,
pelo denodo, fé e luz que acendes
nas glórias imortais de Militão!
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BENDITA SEJAS

Bendita sejas tu, musa divina
porque vens inspirar este poeta,
a tua voz suave me fascina
e chega ao fim a minha dor secreta.

Bendita sejas tu, que me ilumina
e nos meus versos tua luz projeta
além da fé, do amor que me domina
trazendo inspiração à minha meta.

Chegas tranquila, calma e de mansinho
pondo flores em todo o meu caminho,
vens perfumando o meu viver tristonho,

Que seja sempre assim, poesia amada,
amiga e companheira de jornada
buscando a paz nas regiões do sonho!
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CONSEQUÊNCIA

Brigamos sem motivo. Era Setembro,
o campo estava verde e havia flores.
O céu cheio de estrelas, eu me lembro,
e recordo também dos dissabores,

Bem alto ela me disse: "Não sou membro
desta família que me trouxe dores.
Quero partir, não fico outro dezembro,
quero ter, pelo mundo, outros amores".

E partiu... Nada fiz, fiquei calado,
o silêncio, por certo, dá um jeito
e não carece de nenhum cuidado...

O tempo vai passando e quando a vejo,
ela disfarça a dor que vai no peito,
e eu finjo que não sinto mais desejo.
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INTERROGAÇÃO
(Um pouco de filosofia)

Quando nascemos, dizem que o Destino
já vem traçado para o ser Humano,
e sendo assim cresci, desde menino,
envolto num mistério, num engano.

Como entender que o amor do ser Divino
possa me dar sentença de tirano?
Se a predestinação me fez cretino,
como me corrigir, se sou mundano?

Que culpa cabe a mim, se esta premissa
for verdadeira e a providência omissa
para me condenar sem indulgência?

Porventura, o que a vida nos promete
nada se cumpre e apenas nos remete:
— Por que nos deu o senso e a inteligência?
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O QUE É A VIDA?

A vida é uma jornada de aventura,
o ser humano nasce, vive e morre.
Uma réstia de sonho e de ventura,
eis o prêmio maior a que concorre.

A mocidade passa e a desventura
vem apressada e pela vida escorre
impondo ao coração esta amargura
que mata devagar... e não socorre...

Eis a vida, em resumo, companheiro,
mas a esperança e a fé falam primeiro
e amenizam, no mundo, a nossa dor.

Porque depois a vida é permanente
numa escola avançada e inteligente
sempre em busca de Deus, o Criador!

Fonte:
Filemon Francisco Martins. Anseios do coração. São Paulo: Scortecci, 2011.
Livro enviado pelo autor.

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