sábado, 3 de dezembro de 2022

Carlos Leite Ribeiro (Marchas Populares de Lisboa) Bairro da Graça

Do alto da colina avista-se quase toda a cidade. A GRAÇA, com o seu miradouro e os seus elétricos, é um pouso de turistas; esconde casais de namorados e dá refúgio às tradições alfacinhas.

O local onde se situa o bairro da Graça é uma das primitivas colinas da Lisboa cristã. Como era uma importante zona estratégica, D. Afonso Henriques escolheu-a para montar o seu quartel general, em 1147. Conhecido pelo nome árabe de “Almofala”, era um subúrbio da poderosa “Aschbouna”, a Lisboa Mourisca. Nesta zona, onde se encontrava o Almocáver, cemitério mouro, fundaram-se dois conventos de grandes proporções, o dos Cônegos Regrantes, em São Vicente e, um pouco mais acima, o dos Agostinhos. Ambos ficaram sob a invocação de Nossa Senhora da Graça.

A influência dos Frades Agostinhos da Graça foi determinante na edificação urbana desta colina de Lisboa que, embora só tenha adquirido classificação administrativa numa época relativamente recente, a verdade é que se trata de um bairro e de um sítio bem demarcado, há, pelo menos, três séculos. Da Graça que cresceu no século XV até ao terremoto de 1755, apenas sobreviveu o Convento dos Agostinhos, situado no Largo da Graça.

Entre 1891 e 1911, do bairro de Santo António formaram-se outros dois, o da Estela D’Ouro e o Ermida. Assim, as ruínas dos velhos palácios deram lugar às vilas habitadas por uma população operária, numa zona cujas raízes mergulham na própria fundação da nacionalidade.

Dos primórdios da monarquia lusitana, o Bairro da Graça, guarda apenas os vestígios assinalados na capela da Nossa Senhora do Monte, erguida após a tomada de Lisboa. Este bairro voltou a fazer história na Implantação da República, uma época em que acolhe diversos nomes ilustres que se distinguiram na luta pela democracia.

O Clube Desportivo da Graça nasceu a 12 de março de 1935. Esteve desde sempre, ligado à cultura, beneficência e ao desporto. Na área do desporto, funciona com escolas de atletismo, futebol de cinco e tênis de mesa. Na área da cultura, a coletividade dedica-se quase exclusivamente à organização das Marchas Populares.


MARCHA DA GRAÇA
(Venham dançar com a Graça)

Letra de Ester Correia
Música de J. M. David


A Graça tem
O Senhor dos Passos a passar,
Erguendo os braços para a Graça abençoar
E, o Santo António apaixonado
Que num suspiro contente lhe canta um fado.

A Graça tem
nos arraiais muita alegria
Os seus balões são de eterna fantasia,
E um cavalinho sempre a tocar
Ela é festa de Lisboa, a cantar.
Há um cheirinho a manjericos;
Cravos sorrindo aos namoricos;
O povo acorda, o povo só dança,
No arraial ninguém se cansa.

As sardinheiras estão às janelas
A ver a Graça saltar fogueiras
E os santos populares, pelas vielas,
Atrás das moças bonitas, namoradeiras.

A Graça tem
O Senhor dos Passos a passar,
Erguendo os braços para a Graça abençoar
E, o Santo António apaixonado
Que num suspiro contente lhe canta um fado.

Está aqui a nossa Graça
Que é de Lisboa a sua graça,
Só ela abraça, só ela nos beija
com a ternura de quem deseja.
Só ela tem aquele olhar,
Num coração sempre a dançar,
A Graça salta de alcachofra na mão,
E acorda o sol ao sabor de uma canção”.


Fonte:
Este trabalho teve apoio de EBAHL – Equipamento dos Bairros Históricos de Lisboa F.P.
http://www.caestamosnos.org/autores/autores_c/Carlos_Leite_Ribeiro-anexos/TP/marchas_populares/marchas_populares.htm

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