Hoje, quando se fala em carrinho de rolimã para os mais jovens, eles logo pensam nos carrinhos sofisticados, com freio, aerodinâmica e proteção que são vendidos hoje em dia para corridas em pistas próprias, projetados por engenheiros e produzidos em série.
Se tivéssemos guardado um dos carrinhos que fazíamos e com os quais nos divertíamos quando crianças, com certeza iriam rir e dizer que jamais correriam em tal geringonça. Quando conseguíamos os rolimãs, pegávamos uma tábua qualquer, cortávamos e, com alguns parafusos os montávamos, sem alça de segurança (apoiávamos as mãos na tábua mesmo), sem freio (para parar usávamos os pés calçados com alpargatas ou conga), sem capacete, joelheiras, proteção para os cotovelos e outros equipamentos que tais.
Então, como em toda a tarde nós, moleques da Cidade Alta, em Jaguariaíva, nos reuníamos na Rua do Comércio, munidos dos nossos carrinhos para a grande aventura do dia. Sem nos preocuparmos com o pó da rua (não havia pavimento), nem com as pedras soltas, procurávamos algum declive e, do alto do mesmo, descíamos a toda velocidade possível.
Quantas quedas, quantos resvalos! Cotovelos e joelhos ralados, pontas dos dedos feridas, roupa rasgada, galos nas testas, e tudo era festa, tudo era motivo para riso e galhofa. Depois, quando chegávamos a nossa casa a festa era outra: palmadas nas bundas pelas roupas perdidas, pelo “conga” furado de tanta frenagem, pela desobediência e pelos perigos que havíamos corrido. Mas não ligávamos, pois no outro dia a história se repetia.
Na esquina da Rua do Comércio (hoje Prefeito Aldo Sampaio Ribas) com a rua do “sêo” Sílvio (como a chamávamos) atual Rua Hypolito Xavier da Silva, localizava-se a residência do Sr. Napoleão Ultramari. Colocávamos os nossos “veículos” na calçada da Rua do “Sêo” Silvio (que era um declive) e de lá vínhamos até dobrar a esquina e seguir pela calçada da Rua do Comércio. Só que na curva alguns caiam, e os que continuavam enfrentavam as vassouradas da dona Lídia, esposa do Sr Napoleão, que se incomodava muito com a algazarra que fazíamos, mas até as vassouradas nos divertiam, pois elas eram dadas mais para nos espantar do que para outras coisas.
Ah, minha infância querida! Há quanto tempo, mas inesquecível. Adorada infância na minha Jaguariaíva!
Fonte:
George Roberto Washington Abrão. Momentos – (Crônicas e Poemas de um gordo). Maringá/PR, 2017.
Ebook enviado pelo autor.
George Roberto Washington Abrão. Momentos – (Crônicas e Poemas de um gordo). Maringá/PR, 2017.
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