quinta-feira, 22 de abril de 2021

Lairton Trovão de Andrade (Enxurrada de Poemas) – 1

SALSA-ARDENTE*

"Oh! esta é a voz do meu amado!"
(Ct. 2.6)


O amor que vibra em meu peito
Já não tem mais dimensão!
Tomou conta do meu ser,
No meu ser há explosão.

É núcleo de sol em chama,
Doce delícia sem dor;
Vulcão ativo de estrela
- É assim que sinto o amor.

É o fogo da salsa-ardente,
Que arde em brasa incolor;
Vulcão que abrasa e não queima
– Oh, que delícia é o amor!

As vezes, me faz chorar
E de saudade morrer;
Mas, quanta felicidade
Traz o amor em meu ser!

Ele é presente em você,
Foi ele o manjar de Zeus*;
E todo aquele que ama
Tem um pouquinho de Deus.

Com ele, o nada é tudo,
Sem ele, o tudo é nada;
Quem ama só quer amor
E, além do amor, mais nada.
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* Salsa-ardente: Vulcão.
* Zeus: Principal deus da mitologia grega.

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TEUS OLHOS
"Os teus olhos são como
os das pombas."(Ct.1.15)


Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Teus olhos são lindos,
Têm puro fulgor,
São cheios de vida,
Traduzem amor.

O amor dos teus olhos,
Tão meigo e tão puro,
É o sonho dos sonhos,
Meu porto seguro.

Se rola uma lágrima,
Eu sinto tua dor;
Recolho-a na alma
Por causa do amor.

Se tenho eu angústia,
Se sofro de tédio,
Procuro teus olhos,
Pra ter meu remédio.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.

Mas quanto sofreram
Teus olhos, querida,
E quantas injúrias
Já viram na vida.

Já foram bem tristes.
Sem vida e calor;
Agora estão vivos
– Milagre do amor.

Que cor têm teus olhos?
São claros, escuros?
– A cor é segredo,
Segredo, eu te juro!

Embora distante,
Em meio ao pavor,
Eu penso em teus olhos
E vivo de amor.

Que doce expressão!
Olhar sem malícia!
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.
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O TELEFONE
"Vou levantar-me e percorrer
a cidade "(Ct. 3.2)


Naquela noite estava angustiado,
Queria ouvi-la no telefone;
Meu coração, tão inconformado,
Olhava atento o calado fone.

"Corre, ponteiro! Silêncio, passa!"
Silêncio aquele me perturbava;
Eu pressentia perder a graça,
Ao ver minh'alma que soluçava.

Era soluço com dor silente,
Queria tanto meu bem distante;
Aquela dor torturava a mente,
Enlouquecendo-me num só instante.

Estava assim a entregar-me à dor,
Pra mim dizia: "Que infeliz eu sou!
Está bem longe o meu doce amor!"
Foi quando, enfim, o fone tocou...

- "Alô, amor! Meu amor, sou eu!"
Minh'alma foi delirar em riso;
Com a esperança que se acendeu,
Você tornou-se meu paraíso.

Falou-me tanto - doce paixão!
Que foi difícil dizer o adeus:
- "Tchau, meu amor", foi dizendo, então,
"Um beijo, um beijo!.. Fique com Deus!"

Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas. 
Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Livro enviado pelo autor.

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