"Oh! esta é a voz do meu amado!"
(Ct. 2.6)
(Ct. 2.6)
O amor que vibra em meu peito
Já não tem mais dimensão!
Tomou conta do meu ser,
No meu ser há explosão.
É núcleo de sol em chama,
Doce delícia sem dor;
Vulcão ativo de estrela
- É assim que sinto o amor.
É o fogo da salsa-ardente,
Que arde em brasa incolor;
Vulcão que abrasa e não queima
– Oh, que delícia é o amor!
As vezes, me faz chorar
E de saudade morrer;
Mas, quanta felicidade
Traz o amor em meu ser!
Ele é presente em você,
Foi ele o manjar de Zeus*;
E todo aquele que ama
Tem um pouquinho de Deus.
Com ele, o nada é tudo,
Sem ele, o tudo é nada;
Quem ama só quer amor
E, além do amor, mais nada.
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* Salsa-ardente: Vulcão.
* Zeus: Principal deus da mitologia grega.
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TEUS OLHOS
"Os teus olhos são como
os das pombas."(Ct.1.15)
os das pombas."(Ct.1.15)
Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.
Teus olhos são lindos,
Têm puro fulgor,
São cheios de vida,
Traduzem amor.
O amor dos teus olhos,
Tão meigo e tão puro,
É o sonho dos sonhos,
Meu porto seguro.
Se rola uma lágrima,
Eu sinto tua dor;
Recolho-a na alma
Por causa do amor.
Se tenho eu angústia,
Se sofro de tédio,
Procuro teus olhos,
Pra ter meu remédio.
Que doce expressão!
Olhar sem malícia,
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.
Mas quanto sofreram
Teus olhos, querida,
E quantas injúrias
Já viram na vida.
Já foram bem tristes.
Sem vida e calor;
Agora estão vivos
– Milagre do amor.
Que cor têm teus olhos?
São claros, escuros?
– A cor é segredo,
Segredo, eu te juro!
Embora distante,
Em meio ao pavor,
Eu penso em teus olhos
E vivo de amor.
Que doce expressão!
Olhar sem malícia!
Colírio dos olhos,
Amor e carícia.
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O TELEFONE
"Vou levantar-me e percorrer
a cidade "(Ct. 3.2)
a cidade "(Ct. 3.2)
Naquela noite estava angustiado,
Queria ouvi-la no telefone;
Meu coração, tão inconformado,
Olhava atento o calado fone.
"Corre, ponteiro! Silêncio, passa!"
Silêncio aquele me perturbava;
Eu pressentia perder a graça,
Ao ver minh'alma que soluçava.
Era soluço com dor silente,
Queria tanto meu bem distante;
Aquela dor torturava a mente,
Enlouquecendo-me num só instante.
Estava assim a entregar-me à dor,
Pra mim dizia: "Que infeliz eu sou!
Está bem longe o meu doce amor!"
Foi quando, enfim, o fone tocou...
- "Alô, amor! Meu amor, sou eu!"
Minh'alma foi delirar em riso;
Com a esperança que se acendeu,
Você tornou-se meu paraíso.
Falou-me tanto - doce paixão!
Que foi difícil dizer o adeus:
- "Tchau, meu amor", foi dizendo, então,
"Um beijo, um beijo!.. Fique com Deus!"
Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas.
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas.
Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Livro enviado pelo autor.
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