Passei a infância inteira acompanhando os planos infalíveis do Cebolinha para derrotar a Mônica. E, seja por solidariedade masculina, seja por admirar quem encarna a mais vã esperança, torci pelos meninos em cada uma das histórias. No entanto, nenhuma das mirabolantes criações (havia sempre o Cascão para ser o coadjuvante) foi capaz de suplantar a força da heroína dentuça.
Recordo disso porque soube que Maurício de Sousa prometeu uma data para o casamento de Mônica e Cebolinha. Um destino a ser adivinhado por quem acompanha a série de desenhos desses personagens dirigida ao público teenager - tenho na memória a polêmica revista na qual os dois, jovens, trocaram o primeiro beijo. Enfim, mais ou menos o que aconteceu com os (ex) implicantes Hermione e Rony na saga Harry Potter, marido e mulher ao final,
Agora, se isso for mais um dos planos do Cebola (seu nome na versão crescida) para vencer a Mônica, tenho uma má notícia: não vai dar certo. Talvez ele tivesse sucesso nos longínquos anos 1960, quando as personagens saíram do lápis do criador para ganhar o mundo. Na época, a autoridade masculina predominava na composição familiar. Vivíamos o tempo do pai provedor e da mãe dona de casa - papéis expressos nas próprias tirinhas do bairro do Limoeiro.
Os tempos são outros. As "Mônicas" que ousavam ser donas da rua durante a infância, hoje também são donas do próprio nariz - no mínimo. Viram suas mães exercendo o intangível controle sobre os maridos pelos fios do sentimento (maneira de deixar o jogo parelho) e almejaram mais. Para elas, já não bastam os afazeres domésticos ou a maternidade; dominam desde o mercado de trabalho aos destinos da República. Os "Cebolinhas" piam cada vez mais fino.
Mas, se, ao contrário, o "sim" no altar for um armistício (para não dizer uma rendição), aí o rapaz pode estar agindo com esperteza. Alguns homens já perceberam que nosso projeto vencedor está muito mais parecido com as antigas estratégias femininas. Nada de confronto: contornos. Nada de violência: carinho. Nada de autoridade: cooperação. Nada de controle: liberdade.
Pois é, Cebola... Ter para si o coração da Mônica pode valer mais do que qualquer outro domínio que ela – elas? – tanto perseguem. Mesmo que o casamento esteja longe de ser um plano infalível. Quanto ao Cascão, por favor: nessa história, seja no máximo padrinho. Senão é avançar demais com a carruagem.
Recordo disso porque soube que Maurício de Sousa prometeu uma data para o casamento de Mônica e Cebolinha. Um destino a ser adivinhado por quem acompanha a série de desenhos desses personagens dirigida ao público teenager - tenho na memória a polêmica revista na qual os dois, jovens, trocaram o primeiro beijo. Enfim, mais ou menos o que aconteceu com os (ex) implicantes Hermione e Rony na saga Harry Potter, marido e mulher ao final,
Agora, se isso for mais um dos planos do Cebola (seu nome na versão crescida) para vencer a Mônica, tenho uma má notícia: não vai dar certo. Talvez ele tivesse sucesso nos longínquos anos 1960, quando as personagens saíram do lápis do criador para ganhar o mundo. Na época, a autoridade masculina predominava na composição familiar. Vivíamos o tempo do pai provedor e da mãe dona de casa - papéis expressos nas próprias tirinhas do bairro do Limoeiro.
Os tempos são outros. As "Mônicas" que ousavam ser donas da rua durante a infância, hoje também são donas do próprio nariz - no mínimo. Viram suas mães exercendo o intangível controle sobre os maridos pelos fios do sentimento (maneira de deixar o jogo parelho) e almejaram mais. Para elas, já não bastam os afazeres domésticos ou a maternidade; dominam desde o mercado de trabalho aos destinos da República. Os "Cebolinhas" piam cada vez mais fino.
Mas, se, ao contrário, o "sim" no altar for um armistício (para não dizer uma rendição), aí o rapaz pode estar agindo com esperteza. Alguns homens já perceberam que nosso projeto vencedor está muito mais parecido com as antigas estratégias femininas. Nada de confronto: contornos. Nada de violência: carinho. Nada de autoridade: cooperação. Nada de controle: liberdade.
Pois é, Cebola... Ter para si o coração da Mônica pode valer mais do que qualquer outro domínio que ela – elas? – tanto perseguem. Mesmo que o casamento esteja longe de ser um plano infalível. Quanto ao Cascão, por favor: nessa história, seja no máximo padrinho. Senão é avançar demais com a carruagem.
Fonte:
Rubem Penz. Enquanto tempo: crônicas.
Rubem Penz. Enquanto tempo: crônicas.
Porto Alegre: BesouroBox, 2013.
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