OBSESSÃO DO MAR OCEANO
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças nas janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso,
Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios da beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais Nome
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
AO LONGO DAS JANELAS MORTAS
Ao longo das janelas mortas
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate!...Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrível!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos.
Nosso Senhor, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê,
As minhas rugas.
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai. Cobri com a santa
inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
NO SILÊNCIO TERRÍVEL
No silêncio terrível do Cosmos
Há de ficar uma última lâmpada acesa.
Mas tão baça
Tão pobre
Que eu procurarei, às cegas, por entre
os papéis revoltos,
Pelo fundo dos armários,
Pelo assoalho, onde estarão fugindo
imundas ratazanas,
O pequeno crucifixo de prata
O pequenino, o milagroso crucifixo
de prata que tu me deste um dia
Preso a uma fita preta.
E por ele os meus lábios convulsos chorarão
Viciosos do divino contato da prata fria...
Da prata clara, silenciosa,
divinamente fria - morta!
E então a derradeira luz se apagará de
Todo…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
ELEGIA
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças nas janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso,
Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios da beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais Nome
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
AO LONGO DAS JANELAS MORTAS
Ao longo das janelas mortas
Meu passo bate as calçadas.
Que estranho bate!...Será
Que a minha perna é de pau?
Ah, que esta vida é automática!
Estou exausto da gravitação dos astros!
Vou dar um tiro neste poema horrível!
Vou apitar chamando os guardas, os anjos.
Nosso Senhor, as prostitutas, os mortos!
Venham ver a minha degradação,
A minha sede insaciável de não sei o quê,
As minhas rugas.
Tombai, estrelas de conta,
Lua falsa de papelão,
Manto bordado do céu!
Tombai. Cobri com a santa
inutilidade vossa
Esta carcaça miserável de sonho…
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
NO SILÊNCIO TERRÍVEL
No silêncio terrível do Cosmos
Há de ficar uma última lâmpada acesa.
Mas tão baça
Tão pobre
Que eu procurarei, às cegas, por entre
os papéis revoltos,
Pelo fundo dos armários,
Pelo assoalho, onde estarão fugindo
imundas ratazanas,
O pequeno crucifixo de prata
O pequenino, o milagroso crucifixo
de prata que tu me deste um dia
Preso a uma fita preta.
E por ele os meus lábios convulsos chorarão
Viciosos do divino contato da prata fria...
Da prata clara, silenciosa,
divinamente fria - morta!
E então a derradeira luz se apagará de
Todo…
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ELEGIA
Há coisas que a gente não sabe nunca
o que fazer com elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par:
símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas
De um mau gosto tocante
Que nos dão as velhas tias,
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra "quincúncio".
Esses pensamentos que nos chegam
de súbito
nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir
seguindo a gente pela madrugada na
cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim…
o que fazer com elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par:
símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas
De um mau gosto tocante
Que nos dão as velhas tias,
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra "quincúncio".
Esses pensamentos que nos chegam
de súbito
nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir
seguindo a gente pela madrugada na
cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim…
Fontes:
O aprendiz de feiticeiro. 1950.
Apontamentos de história sobrenatural. 1976.
O aprendiz de feiticeiro. 1950.
Apontamentos de história sobrenatural. 1976.
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