Luiz Antônio (Nome de guerra: "Macumba") é um despachante atualmente em atividade na Auto-Lotação Ingá. Antigo e experimentado malandro, morador da Baixada, rodado nos paranauês e na Central do Brasil, e com conhecidos entre bandidos e milicianos. É também um cara zoador e sacana, sempre pronto pra fazer a galera rir (mesmo sem querer!) com sua expressão brava, mas divertida.
Numa certa época, Macumba era despachante do turno da manhã no bairro de Charitas, ponto final das então três linhas 62 (Fonseca / Sta. Bárbara / Caramujo x Charitas). Seu parceiro de então, o despachante da tarde, era o Lucas, jovem centrado e de grande capacidade, então recém-promovido de cobrador a despachante.
Todos os dias, ao chegar ao ponto para a rendição, Lucas perguntava a Macumba qual era o último carro que ele marcara e o horário do mesmo. Assim, Lucas iniciava seu mapa (planilha onde se marcam os horários dos ônibus da linha) a partir daquele último ônibus marcado.
Ah, antes de continuar deixem-me abrir um parêntese: Na Ingá e em algumas outras empresas há uma disputa silenciosa, um torneio secreto para saber qual despachante tem a letra mais feia e incompreensível. Na Ingá a disputa era acirrada: Macumba de um lado, Adão de outro, Paulo Maluco (Lobisomem) na outra ponta e por fim o baixinho do Eduardo, que muitos acreditavam ser o campeão. Mas a disputa estava em aberto, e, como veremos, prestes a decidir-se.
Um belo dia, Lucas chega ao ponto e, apanhando sua prancheta, rotineiramente principia a preencher seu mapa de horários. Há um ônibus parado no ponto, o último que Macumba marcara, Lucas, como era corriqueiro, pergunta ao enfezado Macumba qual fora o horário que ele marcara para aquele carro. Ao olhar em seu mapa, Macumba arregala os olhos, em seguida aperta-os, como quem se esforça para enxergar algo pequenino, e por fim percebe que não pode compreender o que ele mesmo marcara. Isso mesmo, o bruto não conseguia entender a sua própria letra.
Na dúvida, foi até o veículo e pediu a ficha ou guia ao motorista. Ao olhar o horário escrito na ficha, novamente não entendeu a própria letra. E por sinal, nem mesmo o motorista entendera nada. E nem Lucas, que também fora olhá-la. A confusão estava estabelecida. Macumba então pergunta ao motorista:
- Está ruim de entender... Você não se lembra que horário que eu falei, não?
- Hum, Macumba, eu não me lembro não. Mas uma coisa eu sei: um camarada não entender a própria letra, isso eu nunca vi.
A galera próxima caiu na gargalhada. Para arrematar, o despachante Lucas, vendo um pratinho de quentinha jogado na lixeira do ponto, perguntou a Macumba:
– Já almoçou?
– Já sim, almocei onze horas,
– Comeu o que hoje?
Macumba pensou um pouco... E pensou mais um pouco... E depois de uma última e forte pensada, concluiu:
– Xará, sabe que eu não sei?
Numa certa época, Macumba era despachante do turno da manhã no bairro de Charitas, ponto final das então três linhas 62 (Fonseca / Sta. Bárbara / Caramujo x Charitas). Seu parceiro de então, o despachante da tarde, era o Lucas, jovem centrado e de grande capacidade, então recém-promovido de cobrador a despachante.
Todos os dias, ao chegar ao ponto para a rendição, Lucas perguntava a Macumba qual era o último carro que ele marcara e o horário do mesmo. Assim, Lucas iniciava seu mapa (planilha onde se marcam os horários dos ônibus da linha) a partir daquele último ônibus marcado.
Ah, antes de continuar deixem-me abrir um parêntese: Na Ingá e em algumas outras empresas há uma disputa silenciosa, um torneio secreto para saber qual despachante tem a letra mais feia e incompreensível. Na Ingá a disputa era acirrada: Macumba de um lado, Adão de outro, Paulo Maluco (Lobisomem) na outra ponta e por fim o baixinho do Eduardo, que muitos acreditavam ser o campeão. Mas a disputa estava em aberto, e, como veremos, prestes a decidir-se.
Um belo dia, Lucas chega ao ponto e, apanhando sua prancheta, rotineiramente principia a preencher seu mapa de horários. Há um ônibus parado no ponto, o último que Macumba marcara, Lucas, como era corriqueiro, pergunta ao enfezado Macumba qual fora o horário que ele marcara para aquele carro. Ao olhar em seu mapa, Macumba arregala os olhos, em seguida aperta-os, como quem se esforça para enxergar algo pequenino, e por fim percebe que não pode compreender o que ele mesmo marcara. Isso mesmo, o bruto não conseguia entender a sua própria letra.
Na dúvida, foi até o veículo e pediu a ficha ou guia ao motorista. Ao olhar o horário escrito na ficha, novamente não entendeu a própria letra. E por sinal, nem mesmo o motorista entendera nada. E nem Lucas, que também fora olhá-la. A confusão estava estabelecida. Macumba então pergunta ao motorista:
- Está ruim de entender... Você não se lembra que horário que eu falei, não?
- Hum, Macumba, eu não me lembro não. Mas uma coisa eu sei: um camarada não entender a própria letra, isso eu nunca vi.
A galera próxima caiu na gargalhada. Para arrematar, o despachante Lucas, vendo um pratinho de quentinha jogado na lixeira do ponto, perguntou a Macumba:
– Já almoçou?
– Já sim, almocei onze horas,
– Comeu o que hoje?
Macumba pensou um pouco... E pensou mais um pouco... E depois de uma última e forte pensada, concluiu:
– Xará, sabe que eu não sei?
Fonte:
Ron Letta (Sammis Reachers). Rodorisos: histórias hilariantes do dia-a-dia dos Rodoviários.
São Gonçalo: Ed. do Autor, 2021.
Livro enviado pelo autor.
Ron Letta (Sammis Reachers). Rodorisos: histórias hilariantes do dia-a-dia dos Rodoviários.
São Gonçalo: Ed. do Autor, 2021.
Livro enviado pelo autor.
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