sexta-feira, 23 de abril de 2021

Silmar Böhrer (Croniquinha) 22

Se me fosse dado comparar e descrever musicalmente este dia, eu começaria dizendo que pela manhã - cedo - a orquestra tomava o seu lugar no palco do espaço para a grande apresentação de hoje (ouvia-se o barulho de instrumentos, viam-se luzes que se cruzavam, sentia-se que algo de muito importante seria apresentado).

Como intróito os músicos encenaram uma melodia de ritmo bastante rápido - uma sinfonia de Beethoven, talvez - e então passaram para um huapango mexicano, no melhor estilo do Caribe. Como o ritmo foi se tornando mais suave, executaram um sublime bolero, daqueles que fazem lembrar as casas noturnas de Acapulco.

Após a apresentação destas melodias, por volta da onze horas, os grandes músicos instalados no proscênio do espaço iniciaram uma valsa vienense, no mais puro sabor europeu, e alcançaram a tarde neste ritmo entre dócil e sonífero que, penso, embalará meus sentimentos ao longo das horas.

Quase desnecessário dizer-se que a sinfônica é composta por elementos respeitáveis - as nuvens, os ares, a gravidade - e os instrumentos têm acústica e sonoridade formidáveis, todos com um desempenho perfeito dentro do conjunto do tempo - parte integrante da orquestra da natureza.

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

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