sábado, 8 de janeiro de 2022

Alci Vivas Amado (Caderno de Poesias)

AMAR É HUMANO


Desejo namorá-la à moda antiga,
Beijar-lhe a face e a mão,
Você me fere me instiga
Faz do meu corpo um corrimão.

Trago flores à rainha do jardim,
Meu olhar brilha, meu amor lhe ofereço.
Você me alucina: Coitado de mim!
Perdi o freio, agora só resta o começo.

Você está linda! É assim que eu a vejo
Sobre o leito nupcial, vou lhe amar,
E sua boca exaltar com terno beijo.

Meu desejo você desprezou
No mais puro e santo momento
Mas em nossas vidas, um fruto ficou.
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O VELHO E O IDOSO

Afirmam que o velho é nocivo,
Ninguém gosta de envelhecer,
Juventude eterna é sonho de todo ser,
A idade, o rigor, nada é decisivo.

Velho não aceita a realidade nascida,
O idoso admite tal inovação,
Ambos levam a história da vida,
Ser velho aos 18 ou 70, depende da criação.

O profundo jamais envelhece,
Sentimento é o coração do ancião,
Carrega a coroa de glória em prece.

O velho vai ao encontro da miopia,
O idoso não se fecha para o amanhã,
Espírito jovem, semente de alegria.
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POR QUÊ?

Tudo em torno de mim é incerteza
Sem você, meu destino se evapora,
Com essa tepidez revelo só tristeza,
O meu amor puro, mandou embora.

Por quê? Enamorei de sua beleza
Dos seus olhos, sua voz, leve e sonora,
Entreguei-lhe tudo! O afeto... minha natureza,
Sem saber seu nome e, até, onde mora.

Por quê? Não me sai da memória
Muito sonhei construir consigo história
Morarmos numa cabana: linda e forte!

Sua ausência me fará crua saudade
Talvez só a esqueça na eternidade
Ou lhe amarei, mais ainda, após a morte.
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VIDAS PARALELAS

Desejo poetar com clareza,
Esmiuçar sua intimidade...
Sentir o esplendor da saudade
Na tepidez de sua beleza.

Na adolescência, lhe chamava, tigresa,
E ainda trago o pudor, forte lealdade!
Mas falta-lhe sutil caridade
Que em mim te exalta, com certeza.

Hoje, não posso vê-la sozinha
E nem me sentir tão só,
Passado deserto, ao meu lado caminha

As rugas vão sulcando agora
Todo esse amor... A história,
Que em minha face, triste, descora.
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VOU TE DIZER ADEUS

Finais momentos de felicidade
Abraça-me com urgência,
Tristeza é mania de ansiedade
Examina tua consciência.

O teu descaso por mim foi perdoado
Não esquecerei um amor tão profundo
De súbito em nós despertado
laço forte, maior desse mundo.

Senta-te aqui, não sejas uma fera.
Conta-me os dissabores de tua vida
Não fiques assim, estou a tua espera.

Minha alma sente que é inevitável
Adeus! Peço perdão se te ofendi
Redime esse cupido miserável.
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Alci Santos Vivas Amado (1945) é poeta, historiador, contista, cronista; filho de Alcebíades Lopes Amado e de Odete Vivas Amado. Nasceu no Distrito de Santo Antonio do Muqui, em Mimoso do Sul/ES, onde fez o primário; cursou o ginásio e o 2º grau no Rio de Janeiro. Cursos Profissionalizantes: Arquivista e Correspondente Comercial pelo SENAC. Trabalhou na Usina Nuclear de Angra dos Reis, onde morou por 20 anos. Publicou livros de poesia e de contos: Santo Antonio Descendente de Corpo Inteiro, Insinuações Poéticas,  Duelo & Perdão e Reminiscencias. Organizou e historiou “A Pastorinha” folclórico – com apoio do SEBRAE e FAOP – Federação de Artes de Ouro Preto – MG. Participou em livros, com diversos autores: “Antologia Escritores Brasileiros” e “Galeria Brasil 2009”. É membro efetivo da APOLO – Academia Poçoense de Letras e Artes, e ocupa a cadeira nº 52. Escreve em alguns sites e blogs, dentre eles: www.apoloacademiadeletras.com.br; www.poetas.capixabas.nom.br.

Fontes:
Celeiro de Escritores. Sonetos Eternos: Antologia de Sonetos. Vol. 1. Santos/SP: Ed. Sucesso, 2009.
Portal Escritores: complemento biográfico

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