Houve tempo em que quase todo mundo gostava de poesia. Nem todos escreviam versos, porém era raro achar alguém que não soubesse de cor algumas estrofes dos grandes bardos: Gonçalves Dias, Castro Alves, Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Cruz e Sousa, Olegário Mariano, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Lilinha Fernandes, Helena Kolody, Vinícius de Morais, Mário Quintana, Manoel de Barros...
Acabaram os poetas? Claro que não. Apenas perderam visibilidade. Quintana e Manoel de Barros foram dois dos últimos nacionalmente conhecidos. Dos novos poetas pouca notícia se tem. Hoje em dia só conseguem ser famosas as pessoas que fazem muito sucesso como astros ou estrelas da televisão ou dos esportes. Mesmo na política dificilmente aparece algum grande “ídolo”. Somos todos uma multidão de anônimos.
Em Maringá existem numerosos poetas. Em qualquer lugarzinho há pelo menos um. No Brasil todo, se você procurar, encontrará milhares. Alguns mais ilustrados, outros mais modestos, mas todos capazes de transformar palavra em arte.
Poeta profissional, que vive de vender poesia, não conheço. Porém poetas amadores, que escrevem por amor às letras, há de bastante. Tanto que quase toda cidade tem uma Academia de Letras ou alguma outra associação literária.
O público geral não conhece a produção deles, até porque a chamada grande mídia não tem o costume de lhes dar espaço. É mais ou menos como futebol de botão. Em todo lugar há gente que gosta de tal brincadeira, no entanto jornal nenhum fala desse tipo de jogo.
A correria dos tempos modernos tem algo a ver com isso. Ninguém mais tem tempo para ler poesia. Seria uma raridade achar hoje alguém que soubesse de cor o “Navio Negreiro” ou um soneto de Camões. Para ganhar leitores, muitos autores têm então preferido escrever poemas curtinhos. Uma trova se lê em oito segundos; um haicai em seis segundos.
Pouca gente sabe disso, mas existem uns mil bons haicaístas no Brasil. Trovadores há cerca de dois mil. Eles se conhecem uns aos outros graças ao gosto comum pela poesia, relacionam-se via internet, têm boletins e blogues para divulgação dos seus versos, participam de concursos e encontros de confraternização em diferentes cidades. Ou seja: têm seu próprio mundo, e nisso encontram uma bela e barata forma de fazer amigos e alegrar a vida.
Há, sim, muito poeta ainda. Seja ele um doutor em literatura ou um cantador de esquina, o importante é que nos seus versos a poesia permanece viva.
E quase todo mundo continua gostando. Basta dispor de uns minutos de tempo livre para ouvir uns versinhos e o mais seco dos ouvintes se emociona e encanta.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 06-1-20)
Acabaram os poetas? Claro que não. Apenas perderam visibilidade. Quintana e Manoel de Barros foram dois dos últimos nacionalmente conhecidos. Dos novos poetas pouca notícia se tem. Hoje em dia só conseguem ser famosas as pessoas que fazem muito sucesso como astros ou estrelas da televisão ou dos esportes. Mesmo na política dificilmente aparece algum grande “ídolo”. Somos todos uma multidão de anônimos.
Em Maringá existem numerosos poetas. Em qualquer lugarzinho há pelo menos um. No Brasil todo, se você procurar, encontrará milhares. Alguns mais ilustrados, outros mais modestos, mas todos capazes de transformar palavra em arte.
Poeta profissional, que vive de vender poesia, não conheço. Porém poetas amadores, que escrevem por amor às letras, há de bastante. Tanto que quase toda cidade tem uma Academia de Letras ou alguma outra associação literária.
O público geral não conhece a produção deles, até porque a chamada grande mídia não tem o costume de lhes dar espaço. É mais ou menos como futebol de botão. Em todo lugar há gente que gosta de tal brincadeira, no entanto jornal nenhum fala desse tipo de jogo.
A correria dos tempos modernos tem algo a ver com isso. Ninguém mais tem tempo para ler poesia. Seria uma raridade achar hoje alguém que soubesse de cor o “Navio Negreiro” ou um soneto de Camões. Para ganhar leitores, muitos autores têm então preferido escrever poemas curtinhos. Uma trova se lê em oito segundos; um haicai em seis segundos.
Pouca gente sabe disso, mas existem uns mil bons haicaístas no Brasil. Trovadores há cerca de dois mil. Eles se conhecem uns aos outros graças ao gosto comum pela poesia, relacionam-se via internet, têm boletins e blogues para divulgação dos seus versos, participam de concursos e encontros de confraternização em diferentes cidades. Ou seja: têm seu próprio mundo, e nisso encontram uma bela e barata forma de fazer amigos e alegrar a vida.
Há, sim, muito poeta ainda. Seja ele um doutor em literatura ou um cantador de esquina, o importante é que nos seus versos a poesia permanece viva.
E quase todo mundo continua gostando. Basta dispor de uns minutos de tempo livre para ouvir uns versinhos e o mais seco dos ouvintes se emociona e encanta.
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 06-1-20)
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Texto enviado pelo autor.
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