MEU AMOR HÁ DE CHEGAR NUM DOMINGO
Quando eu vier distraído,
descabido, desprovido
de qualquer bom senso,
meu amor há de chegar num domingo.
Meu amor há de chegar
e ficar para o café.
Assim, como quem não quer nada
além de um pouco de pão,
meu amor há de ficar para almoçar.
Macarrão com carne,
batata e maionese,
mais um copo bem grande de "refri"
e um pedaço de Romeu e Julieta,
tão brazucas
quanto um bom pingado!...
Meu amor há de pingar no telhado.
E há de ser chuva mansa,
com cheiro de Terra do Nunca
e jeito de serra, montanha,
chalé só para dois.
Domingo, zapeando a tevê,
entre o Faustão, a Eliana
e o Programa Silvio Santos,
meu amor há de chegar
sorrindo!...
Depois, como quem faz
que não gosta da segunda,
vai ficar de namorico
na porta
e engolir a hóstia
que ganhou de manhã,
até se esvanecer
dentre as nuvens
que eu mesmo criei
sexta-feira passada.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
NAMORAR É...
Namorar é crer no amor
quando tantos creem no medo,
quando tantos têm horror
a não ter com o bem segredo.
Namorar é ter alguém
pra fazer um cafuné,
pra não ser de mais ninguém
a não ser de quem dá pé.
Namorar é ser cantiga
no silêncio matinal,
ser de paz quando houver briga.
Namorar é ver Natal
quando tantos veem intriga,
ser da vida o Carnaval.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
O AFOGADO
Não, amor, não me adiantam
essas redes que me jogas
da outra margem do mar,
de uma praia que vislumbro
como se fosse a praia
em que nós dois nos conhecemos...
Não, amor, não me adiantam
essas ripas que me jogas
da outra margem do cais,
de algum porto que descubro
como se fosse um náufrago
em que nós nos reconhecemos...
Não, amor, não me adiantam
essas roupas que me jogas
da outra margem do lar,
de um lugar que vive obscuro,
concha que trouxe a praia
em que nós dois nos concebemos.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
POESIA SINGELA
Poesia, tão singela
quanto um rosto de criança
que inda espera da janela
ver Quixote e Sancho Pança!...
Poesia, tão singela
quanto a nossa confiança,
que procura numa vela
sua chama de esperança!...
Poesia, tão singela
quanto o sonho que foi bom,
todo feito em aquarela!...
Poesia, tão singela,
que, no dia de Drummond,
doma a fera e surge, bela!...
Quando eu vier distraído,
descabido, desprovido
de qualquer bom senso,
meu amor há de chegar num domingo.
Meu amor há de chegar
e ficar para o café.
Assim, como quem não quer nada
além de um pouco de pão,
meu amor há de ficar para almoçar.
Macarrão com carne,
batata e maionese,
mais um copo bem grande de "refri"
e um pedaço de Romeu e Julieta,
tão brazucas
quanto um bom pingado!...
Meu amor há de pingar no telhado.
E há de ser chuva mansa,
com cheiro de Terra do Nunca
e jeito de serra, montanha,
chalé só para dois.
Domingo, zapeando a tevê,
entre o Faustão, a Eliana
e o Programa Silvio Santos,
meu amor há de chegar
sorrindo!...
Depois, como quem faz
que não gosta da segunda,
vai ficar de namorico
na porta
e engolir a hóstia
que ganhou de manhã,
até se esvanecer
dentre as nuvens
que eu mesmo criei
sexta-feira passada.
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NAMORAR É...
Namorar é crer no amor
quando tantos creem no medo,
quando tantos têm horror
a não ter com o bem segredo.
Namorar é ter alguém
pra fazer um cafuné,
pra não ser de mais ninguém
a não ser de quem dá pé.
Namorar é ser cantiga
no silêncio matinal,
ser de paz quando houver briga.
Namorar é ver Natal
quando tantos veem intriga,
ser da vida o Carnaval.
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O AFOGADO
Não, amor, não me adiantam
essas redes que me jogas
da outra margem do mar,
de uma praia que vislumbro
como se fosse a praia
em que nós dois nos conhecemos...
Não, amor, não me adiantam
essas ripas que me jogas
da outra margem do cais,
de algum porto que descubro
como se fosse um náufrago
em que nós nos reconhecemos...
Não, amor, não me adiantam
essas roupas que me jogas
da outra margem do lar,
de um lugar que vive obscuro,
concha que trouxe a praia
em que nós dois nos concebemos.
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POESIA SINGELA
Poesia, tão singela
quanto um rosto de criança
que inda espera da janela
ver Quixote e Sancho Pança!...
Poesia, tão singela
quanto a nossa confiança,
que procura numa vela
sua chama de esperança!...
Poesia, tão singela
quanto o sonho que foi bom,
todo feito em aquarela!...
Poesia, tão singela,
que, no dia de Drummond,
doma a fera e surge, bela!...
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