quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Jaqueline Machado (Mundo Interno)

Diariamente, portais, jornais e TVs exibem grandes legendas de centenas de milhares de casos sobre pessoas em suas diversas atividades, lícitas e ilícitas. Tais fatos, normalmente, chamam muito a atenção da maioria que faz questão de reproduzir os fatos.

Os assuntos relativos à vida externa, são muito abordados nas plataformas de mídias predominantes no mundo de agora, que nada deixam escapar. Já as questões internas são pouco exploradas.

Pensando nisso, Virginia Woolf, no seu livro, Ao Farol, que é considerada por muitos como sendo uma obra estranha, pois o foco do livro não está atento às ações dos personagens, mas sim, aos seus pensamentos, debruça-se sobre esse tema.

O romance se passa no período da primeira guerra mundial. Tudo começa com uma introspectiva família inglesa e seus amigos, que costumavam passar as férias numa casa de praia. A primeira cena descreve a matriarca da família, dona Julia Stephen, conversando com um dos seus oito filhos. O menino declara o desejo de ir visitar o farol, que ficava numa ilha isolada. A mãe diz que, se no dia seguinte o tempo estiver ensolarado, nada impedirá o passeio. O garotinho dá pulos de alegria, mas, infelizmente, o tempo amanhece nublado, prestes a chover, e o passeio precisa ser adiado.

No decorrer da primeira parte do livro, a história se baseia num único acontecimento: um jantar. Um evento simples, aparentemente banal, mas em seus interiores, os personagens pensam, sentem e respiram seus universos particulares.

Ao presenciar uma dona de casa à beira do fogão, logo perguntamos: “O que teremos de bom para o almoço ou jantar de hoje". E lá vai a mulher explicar o cardápio, no entanto, ninguém ou quase ninguém busca saber o que se passa na mente daquela pessoa enquanto cozinha. O mesmo acontece com todo mundo em suas outras tarefas. Mesmo que, concentrados em seus trabalhos, os indivíduos não cessam por completo os seus pensamentos, tampouco, repreendem o que estão sentindo.

Nesses momentos o fluxo do imaginário corre solto e, cada um vive a sua vida paralela a vida dos outros, amando, se conformando ou odiando suas realidades. O ser humano é riquíssimo por dentro. E seus pensamentos e sentimentos, deveriam ser mais respeitados e abordados.

Trecho do livro:

“Sentia, muitas vezes, que não passava de uma esponja encharcada de emoções humanas”.

Hei, você aí que está a pensar sobre assuntos exclusivamente seus, independente se o sentimento é bom ou ruim. Ame o seu universo, e tudo o que não for suportável, entregue nas asas do vento.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

Um comentário:

Unknown disse...

Achei ótima tua colocação Jaqueline! Agora é só refletir e pensar. Parabéns!