Abraçado a um poste de iluminação elétrica, tonto de cerveja e de fome, o velho boêmio levantou os olhos para as estrelas longínquas, naquela madrugada fria, sentindo a terra, em torno, estremecer e rodar. Com medo de cair, o notívago apertou mais o poste de encontro ao peito, fechou os olhos e começou a sonhar.
A principio era um monte de moedas de ouro, postas umas sobre as outras, que lhe dava quase pelos joelhos. De repente, o monte começou a subir, a crescer, a avolumar-se, atingindo a sua altura e galgando o espaço, rápido, como um caule dourado de crescimento vertiginoso. O boêmio acompanhava o desenvolvimento daquela árvore curiosa, quando, no escândalo daquela ascensão, lhe viu desaparecer a ponta nas nuvens, estabelecendo uma corda de ouro, fina e imensa, ligando a terra ao céu. Olhava-a ele admirado, quando ouviu uma voz, que lhe dizia:
- Sobe, Alfredo!
O notívago segurou-se à corda de ouro, feita de moedas acumuladas, e principiava a subi-la, quando esta, de repente, estalou, partindo-se, fazendo-o vir aos trambolhões pela altura, estatelar-se, com força, no chão.
Abrindo os olhos, o boêmio sentiu-se assentado no calçamento da rua, ao lado do poste. Espantado, passeou a vista em redor, e, detendo-a em certo ponto, viu, no asfalto, caída da algibeira de algum transeunte, uma pequena moeda de cem réis. Estendendo a mão, apanhou-a, revirou-a nos dedos, examinou-a e, ao fim de tudo isso, pensou, num sorriso de consolo:
- Felizmente, sempre ficou, no chão, a ponta da corda!
E metendo o níquel no bolso, continuou, aos trancos, o seu caminho.
A principio era um monte de moedas de ouro, postas umas sobre as outras, que lhe dava quase pelos joelhos. De repente, o monte começou a subir, a crescer, a avolumar-se, atingindo a sua altura e galgando o espaço, rápido, como um caule dourado de crescimento vertiginoso. O boêmio acompanhava o desenvolvimento daquela árvore curiosa, quando, no escândalo daquela ascensão, lhe viu desaparecer a ponta nas nuvens, estabelecendo uma corda de ouro, fina e imensa, ligando a terra ao céu. Olhava-a ele admirado, quando ouviu uma voz, que lhe dizia:
- Sobe, Alfredo!
O notívago segurou-se à corda de ouro, feita de moedas acumuladas, e principiava a subi-la, quando esta, de repente, estalou, partindo-se, fazendo-o vir aos trambolhões pela altura, estatelar-se, com força, no chão.
Abrindo os olhos, o boêmio sentiu-se assentado no calçamento da rua, ao lado do poste. Espantado, passeou a vista em redor, e, detendo-a em certo ponto, viu, no asfalto, caída da algibeira de algum transeunte, uma pequena moeda de cem réis. Estendendo a mão, apanhou-a, revirou-a nos dedos, examinou-a e, ao fim de tudo isso, pensou, num sorriso de consolo:
- Felizmente, sempre ficou, no chão, a ponta da corda!
E metendo o níquel no bolso, continuou, aos trancos, o seu caminho.
Fonte:
Humberto de Campos. A Serpente de Bronze. Publicado originalmente em 1925.
Humberto de Campos. A Serpente de Bronze. Publicado originalmente em 1925.
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