quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A. A. de Assis (O lambuzento mimeógrafo do Príncipe)

Meados de 1965. Do hotel onde eu estava, de passagem pelo Rio de Janeiro, telefonei para Luiz Otávio*. Ele, desejando encompridar a prosa, convidou-me para jantar em sua casa, em Vila Isabel. Encontrei-o embrulhado num avental de borracha, todo sujo de tinta. Explicou: estava na lida em seu famoso mimeógrafo, imprimindo um boletim do GBT – Grêmio Brasileiro de Trovadores, precursor de nossa atual UBT.

Os que têm mais de 50 anos certamente se lembram do velho mimeógrafo a álcool, uma complicada engenhoca muito usada então nas escolas e escritórios. A correspondência de Luiz Otávio era tão volumosa que ele precisou instalar em sua biblioteca uma daquelas rústicas impressoras. Ficava ali às vezes até de madrugada preparando o material que pelo correio enviava aos trovadores de todo o Brasil e de outros países.

Hoje me ponho a matutar sobre o que aquele extraordinário apóstolo da trova faria se tivesse podido contar com os recursos do computador e da internet. Se com a pachorrenta maquininha de escrever e o lambuzento mimeógrafo conseguiu fazer da trova o maior sucesso literário do século 20, imagine se tivesse à sua disposição as facilidades com que agora contamos...

Ah, sim... mas o que eu queria mesmo dizer era que durante aquele jantar discutimos os primeiros detalhes com vistas à realização do I Festival Brasileiro de Trovadores, megaevento que em abril de 1966 reuniu em Maringá os mais badalados craques da trova de todo o Brasil na época.
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*Luiz Otávio = Príncipe da Trova.

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