No fim de tarde, depois da lida, os peões se prepararam para o churrasco do armazém do seu Feliciano. Escolheram a melhor roupa, pois estavam sempre à espreita de arranjarem uma china bonita para encerrar a noite.
A noite estava fria, o céu escuro, mas gaúcho não teme friagem alguma.
- Boa noite, Feliciano.
- Boa noite, Pedro.
- Me serve um trago.
Os outros foram chegando atrás e o responsável pelo fogo de chão naquela noite foi o Juca. E estava acompanhado de sua esposa.
- Não disse, quando não é noite de lua ele aparece, cochichou Juca ao pé do ouvido de Juliano.
No balcão, seu Feliciano ia servindo os clientes entre uma ajeitada e outra de seus largos bigodes.
Arlindo, peão de Boitatá, apareceu com a namorada, uma loira de cabelos cacheados, desconhecida na região.
Simão, se dizia enamorado, mas andava sempre sozinho. Não chegava a ser um alcoólatra, mas às sextas-feiras de churrascos no armazém, era o que mais bebia.
Para alegrar a noite sem lua, seu Feliciano começou a cantarolar umas músicas tradicionalistas e logo todos se alegraram e começaram a puxar prosa. E como gostavam de causos.
Simão, já empolgado, começou a contar a Arlindo que numa noite de caça nas terras vizinhas, teve de enfrentar a terrível cobra de fogo, Boitatá.
- Vocês gostam dessas invencionices, ora é causo sobre lobisomem, ora é causo de cobra de fogo. Já disse que não acredito em nada disso. – disse Arlindo.
- Verdade, amigo. Tava perdido no meio do mato escuro, quando de repente senti uma luz vindo em direção às minhas costas. Ao olhar para trás, quase morri de completo susto. A bicha era enorme, mais luminosa que um raio e veio na minha direção. Saí correndo, tropecei num tronco, caí, e ao levantar a cabeça, dei de cara com a Vó Gorda. “O que a senhora está fazendo por aqui?” perguntei, surpreso. Ela começou a dizer umas palavras estranhas e a fazer uns gestos mais estranhos ainda com as mãos, com o olhar fixo sobre a serpente de fogo. Olhei pra trás novamente, o clarão cessou, olhei pra frente, a Vô havia sumido. Pensei: “será que é possível ficar louco, assim, do nada? Só depois entendi: era a alma dela que foi me salvar da cobra maldita.”
- Alma? Que alma, tchê? A Vô não tá morta pra ficar por aí fazendo aparição. Foi a cachaça que te fez ter essas visagens – disse Arlindo.
Todos riram. E até quem acreditava no sobrenatural, achou a história meio estranha...
- Vão rindo... Deve ter um sentido daquele pedaço de chão se chamar Boitatá. Depois fiquei sabendo de outros casos piores, envolvendo essa cobra. E tudo no mesmo lugar. Mas nem vou contar. Deixa pra lá...
As horas foram passando, a boa carne sendo degustada. Mais tarde, veio uma surpresa: seu Feliciano havia contratado umas chinas da cidade para que não faltasse par para um arrasta pé. E eis que junto das moças, surgiu ele, senhor Antônio.
E o baile prosseguiu até o raiar do dia.
A noite estava fria, o céu escuro, mas gaúcho não teme friagem alguma.
- Boa noite, Feliciano.
- Boa noite, Pedro.
- Me serve um trago.
Os outros foram chegando atrás e o responsável pelo fogo de chão naquela noite foi o Juca. E estava acompanhado de sua esposa.
- Não disse, quando não é noite de lua ele aparece, cochichou Juca ao pé do ouvido de Juliano.
No balcão, seu Feliciano ia servindo os clientes entre uma ajeitada e outra de seus largos bigodes.
Arlindo, peão de Boitatá, apareceu com a namorada, uma loira de cabelos cacheados, desconhecida na região.
Simão, se dizia enamorado, mas andava sempre sozinho. Não chegava a ser um alcoólatra, mas às sextas-feiras de churrascos no armazém, era o que mais bebia.
Para alegrar a noite sem lua, seu Feliciano começou a cantarolar umas músicas tradicionalistas e logo todos se alegraram e começaram a puxar prosa. E como gostavam de causos.
Simão, já empolgado, começou a contar a Arlindo que numa noite de caça nas terras vizinhas, teve de enfrentar a terrível cobra de fogo, Boitatá.
- Vocês gostam dessas invencionices, ora é causo sobre lobisomem, ora é causo de cobra de fogo. Já disse que não acredito em nada disso. – disse Arlindo.
- Verdade, amigo. Tava perdido no meio do mato escuro, quando de repente senti uma luz vindo em direção às minhas costas. Ao olhar para trás, quase morri de completo susto. A bicha era enorme, mais luminosa que um raio e veio na minha direção. Saí correndo, tropecei num tronco, caí, e ao levantar a cabeça, dei de cara com a Vó Gorda. “O que a senhora está fazendo por aqui?” perguntei, surpreso. Ela começou a dizer umas palavras estranhas e a fazer uns gestos mais estranhos ainda com as mãos, com o olhar fixo sobre a serpente de fogo. Olhei pra trás novamente, o clarão cessou, olhei pra frente, a Vô havia sumido. Pensei: “será que é possível ficar louco, assim, do nada? Só depois entendi: era a alma dela que foi me salvar da cobra maldita.”
- Alma? Que alma, tchê? A Vô não tá morta pra ficar por aí fazendo aparição. Foi a cachaça que te fez ter essas visagens – disse Arlindo.
Todos riram. E até quem acreditava no sobrenatural, achou a história meio estranha...
- Vão rindo... Deve ter um sentido daquele pedaço de chão se chamar Boitatá. Depois fiquei sabendo de outros casos piores, envolvendo essa cobra. E tudo no mesmo lugar. Mas nem vou contar. Deixa pra lá...
As horas foram passando, a boa carne sendo degustada. Mais tarde, veio uma surpresa: seu Feliciano havia contratado umas chinas da cidade para que não faltasse par para um arrasta pé. E eis que junto das moças, surgiu ele, senhor Antônio.
E o baile prosseguiu até o raiar do dia.
Fonte: Texto enviado pela autora.
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