A luz da Estrela Azul, que é tão brilhante
Adoça a roxa fé como um licor,
Abrindo os nossos olhos para a cor
Que apaga o tempo cinza já distante:
Do tão avermelhado Sol do Amor,
Do verde da esperança ali adiante.
A luz que resplandece radiante
Nos mostra um novo mundo e seu primor.
As águas cor de prata descem rio,
Varrendo a negra cor da noite escura
E dissipando a dor com cortesia.
A luz clareia tudo o que é sombrio,
Fazendo a paz mostrar sua brancura
E rebrilhar o ouro da poesia!
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A SAUDADE AZUL
A tal saudade, adolescente cruz,
No peito pesa e a trajetória segue,
E faz que assim, no escurecer, eu cegue.
Eu não entendo o derramar do pus.
Mas para que eu, desse pesar, segregue,
Um brilho azul, na escuridão, reluz.
Contemplo, assim, a incandescente luz,
Fazendo, pois, que a confiança, eu regue.
O nosso amor, por conseguinte, entorna,
Feliz presença, de repente, torna,
Mandando a ausência, eternamente, embora.
Na grande Estrela, eu buscarei, faminto,
E o seu abraço, encontrarei, pressinto,
Na luz azul, que resplandece, agora!
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A TEMPESTADE
Densas trevas cobriram nossas vidas
Enchendo-as de um silêncio que ensurdece
As almas temerosas e perdidas
Na tempestade elevam sua prece
As virtudes então adormecidas
Se mostram ao irmão que reconhece
Que as mãos no mesmo barco estão unidas
E a força da remada se engrandece
Ponhamos no farol a confiança
Na cruz também está nossa esperança
Sozinhos não podemos nos salvar
Precisamos seguir a mesma rota
Cada um contribui com a sua cota
Um dia as águas hão de se acalmar
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CASA DOS CONTOS
Nesta casa que o conto nasce e cresce
A arte vem pelo aroma das panelas
A narrativa sai pelas janelas
E a criatividade é o alicerce
As palavras se juntam no telhado
E as técnicas de escrita são paredes
Personagens dormindo em suas redes
Aguardam que o escritor use o teclado
Toda vez que um autor acende a brasa
A trama passa pela encanação
E aquece do leitor seu coração
Mas a imaginação: louca da casa
Não deixa ficar nada no lugar
Para que o texto possa se inovar
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RAMOS E ESPINHOS
Vou entrar na cidade, abram caminho
Vou armado com flores para a guerra
Vou em busca de paz para esta terra
Eu vou chegar montando um jumentinho
Derramo as minhas lágrimas sozinho
Pois eu sei muito bem o que me espera
Os ramos que me jogam em fé sincera
Trançarão a coroa com os espinhos
Recebo humilde os ramos e o chicote
Sou aclamado Rei, depois bandido
E por fim condenado à pior sorte
No amor todo o pecado é redimido
Pois na ressurreição eu venço a morte
Renovo em cada vida seu sentido
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VIDA NOVA
Vamos arar a terra para o plantio
Às vezes é nas trevas que se semeia
O amor na noite escura melhor permeia
Faz brotar a semente em cada vazio
O perdão sempre acaba com todo estio
Multiplicando paz como grão de areia
Já que a misericórdia desencandeia
Fazendo que o doente fique sadio
Do escuro se distingue melhor a luz
É preciso que a água seja fervida
É preciso que a prata seja fundida
O alívio é privilégio de quem tem cruz
Na fé a nossa dor será arrefecida
Da semente que morre é que nasce a vida
Fonte: Recanto das Letras do poeta
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