por maldade ou por despeito...
Toda tarde pega a fila,
entra e bate no meu peito!
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Sê, nesta vida, meu filho,
como a chama da candeia;
que humilde, empresta o seu brilho,
dando brilho à vida alheia!
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Se tens um sonho ferido,
esquece essa ingratidão.
Só sente um sonho perdido,
quem perde a luz da razão!
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Partiste!... E o mundo bisonho,
me pôs na alcova da espera...
Até que volte o meu sonho
que partiu na primavera!
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A massa do pão que come,
pode amargar como fel;
mas no pão que mata a fome,
é mais doce do que mel!
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Guardo entre os meus alfarrábios,
o instante do nosso adeus:
No guardanapo, os teus lábios,
no batom dos lábios teus!
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Lembrando os risos da aurora
aos ritos das madrugadas...
Do tempo, nos resta agora,
dois velhinhos de mãos dadas!
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Em meio a tanta descrença,
tu manténs por teu desprezo...
O fogo da indiferença,
mantendo o ciúme aceso!
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Leve tudo!… E, eu não deponho;
peço que do velho arquivo,
só não carregue o meu sonho
porque sem sonho eu não vivo!
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Num disfarce sem ter graça,
uma sombra sem cautela.
entra em meu quarto e me abraça
e eu percebo o vulto dela!
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Quando me sinto sozinho,
sozinho, cantando a esmo,
eu busco a luz de outro ninho,
nessas noites, de mim mesmo!...
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Ao ver teus olhos criança,
brilhando à luz do sol posto...
Neles, vi sóis de esperança,
e, muitos sóis em teu rosto!
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Teu adeus, me desconforta;
mas, te vejo ainda tão bela,
pelos buracos da porta,
pelas brechas da janela!
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A espuma, artesã do mar,
à noite, chega e semeia
versos, à luz do luar,
nas vestes brancas da areia!
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O orgulhoso, é na verdade,
um cego sem ter visão,
que não percebe a humildade
da luz do sol pelo chão!
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Essa aparência que existe,
que te orgulha e que te apraz,
é uma ilusão que persiste,
mas, que logo se desfaz!
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No outono, sê mais disposto
que o tempo, em seu caminhar...
Deixa mais rugas no rosto
e menos sonhos no olhar!...
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Saudade em mim, nunca finda,
mas, muita gente a despreza;
saudade é a prece mais linda,
que toda tarde se reza!
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Quando a injustiça amordaça
a inocência na prisão,
a justiça que fracassa,
vira cinzas pelo chão!
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A lua - lindo troféu
de um poema, suave e leve,
que um poeta, escreveu no céu
com versos da cor de neve!
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Da infância, bem pobrezinha,
eu me lembro todo dia!...
Lembro do nada, que eu tinha,
mas tinha a paz que eu queria!
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Criança de vida dura;
pobre, faminta e sem lar...
Quantas lições de ternura
na luz tosca deste olhar!
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À noite, escuto um barulho,
que me assusta e me dá medo;
é o do mar, quebrando o orgulho
das ondas contra o rochedo!
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As noites, com seus desvios
e os dias, com seus desvãos...
Vão pondo seus atavios
nos dedos de nossas mãos!
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Rompe a aurora!... E, na moldura
dos olhos do sol nascente,
o dia se configura
na luz dos olhos da gente!
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Se a mágoa que te envenena,
é a mesma que te complica,
esquece a mágoa pequena,
que a grande, também não fica!
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Ao sopro de um vento brando,
a lua nasce tão calma,
que eu penso, ao vê-la me olhando,
que a lua também tem alma!
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Se há dúvida, há reticências...
E, o tempo era silêncio e mudo,
em meio a tantas ausências,
põe silêncio em quase tudo!
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Se a saudade nasce e cresce
em qualquer pranto existente,
saudade é infinita prece
na infinita dor da gente!
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Se a vida é um profundo abismo,
é nesse abismo profundo,
que eu jogo o meu egoísmo
e abraço os braços do mundo!…
Fontes:
– Professor Garcia. Trovas que sonhei cantar. vol.2. Caicó: Ed. do Autor, 2018. Enviado pelo trovador.
– Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021. Enviado pelo trovador.
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