domingo, 4 de agosto de 2019

Filemon F. Martins (Poemas Escolhidos) III


NÃO ESTOU SÓ

Nestes últimos tempos
vivo me esbarrando com a saudade,
mas a solidão intrometida vai se achegando
e se instala no quarto ao lado.
De repente, sem que eu perceba ela se acomoda
no sofá da sala.
Pergunto o que ela deseja e logo me responde:
- ficar em sua companhia.
Por isso, nunca estou só,
aonde quer que eu vá,
a solidão me acompanha.

NOVA AURORA

Eu me tornei um pobre vagabundo
quando partiste pela vida afora...
Talvez sonhaste conquistar o mundo
deixando aqui um coração que chora.

De luz, amor e inspiração me inundo
e vislumbro o romper de nova aurora,
acredito no Amor puro e profundo
que mitiga a tristeza que apavora.

Creio no Amor intenso, verdadeiro,
sempre perdoa, espera e crê primeiro
sem julgamento, ofensa ou coisa assim.

Quero colher a Paz em farta messe,
sentir a graça singular da prece
para encontrar o Amor dentro de mim!

NOVA COBRANÇA
(Filosofando)

Se cobro alguma coisa desta vida,
ela disfarça e vai me respondendo:
“qualquer dia, meu caro, pago a dívida”
e sem pensar, aceito e vou vivendo.

O tempo vai passando e na corrida
aqueles sonhos vão-se desfazendo,
já não sinto esperança na descida
e o mundo, sem amor, está horrendo.

A vida dissimula um falso encanto
que acaba em choro, dor e desencanto
sem cumprir as promessas que me fez.

E tudo não passou de ledo engano,
porque sem fé, sem luz, o ser humano
carrega a cruz de sua insensatez.

O PODER DO AMOR

Quanto mais penso no poder que o amor
exerce sobre mim e me fascina,
convenço-me, serás o meu torpor,
não importa o que diz a medicina.

Se estás comigo, sinto o teu calor
e uma paz silenciosa me domina,
o tempo não mais corre com rancor
e o teu olhar, meus olhos, ilumina.

Eu quero me prender neste pecado,
e em teu amor ficar acorrentado
como fiquei nos versos que compus.

E prometo cantar com tal Doçura
uma canção de Paz e de Ventura
que o nosso Amor nos levará à Luz!

POEMA SEM NOME

Fui buscar na memória da saudade
o arrulho da juriti, no pé da serra,
o canto do sabiá nas mangueiras do pomar,
quando havia ainda floresta sobre a Terra.

Fui buscar na prece da tarde
a ternura do sol em pleno Ocaso.
Fui buscar o perfume da rosa
que, sorrindo no jardim,
torna a paisagem mais radiosa.
Busquei também nos passarinhos
que saltitam, em seus ninhos,
a canção dos amantes.

Busquei a luz no brilho das estrelas,
aquela mais brilhante e resplendente,
aquela luz dos teus olhos.
Busquei a fé, que renasce na alma do poeta,
quando sonha, quando ama, quando crê.

Busquei a plenitude da vida
nas vibrações do amor
quando o céu fica mais perto.
E, mesmo estando no deserto,
sinto que estou num prado tranquilo,
numa paisagem verde, deslumbrante,
onde ouço misteriosamente o som de um violino
e me reencontro enamorando o Mundo
em busca do meu sonho e do meu destino!

POESIA

Enquanto houver natureza
e pássaros cantando,
um botão de rosa se abrindo,
uma criança sorrindo,
então haverá poesia.

Enquanto houver sentimento,
um amor para lembrar
e a brisa leve a soprar,
então haverá poesia.

Enquanto houver um poeta,
estrelas no firmamento,
uma saudade a cantar,
um sonho a acalentar,
então haverá poesia.

Enquanto no mundo houver
um coração de mulher,
o amor terá sentido,
a vida será florida
e a mulher será amada
pelos poetas do mundo.

VITÓRIA

Não há vitórias sem batalhas, creio
que a própria vida terá mais valor,
se a luta for renhida, mais anseio
para lutar na guerra contra a dor.

A competência e a fé já são um meio
de vencer com sucesso e sem favor.
A honestidade traz respeito alheio
e recompensa quando houver amor.

Têm mais sabor vitórias alcançadas
quando são justamente conquistadas,
sem artifícios ou qualquer trapaça.

Feliz de quem, na vida, assim peleja
porque a felicidade vem e beija
os que venceram com amor e graça.

Para conhecer mais poesias do poeta, visite o blog do poeta, em atividade desde 2010:

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