segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Luiz Damo (Trovas do Sul) II


A lua sem vacilar
num olhar de sedução,
garante que seu luar
rompe toda escuridão.

Ao buscares resultados
de uma longa trajetória,
saiba que de pés atados
não terás lugar na história.

Ao plantar singelas flores
para os passos perfumar,
não sinta somente olores
mas vida a se transformar.

As folhas empalidecem,
pelos ventos são levadas,
entre acenos agradecem
e partem em revoadas.

Criança não quer dinheiro,
quer afeto, quer carinho
e que alguém seja primeiro
uma luz no seu caminho.

De amar com força divina,
ao casal ninguém impeça,
a promessa não termina
mas a vida recomeça.

Ecos de fraternidade
por todos sejam ouvidos
e os dons da felicidade
também possam ser vividos.

Fiz das mãos os instrumentos
que dão forma às convicções,
transladei meus pensamentos
ao papel sem evicções.

Felizes dos que convivem
com seus verdadeiros pais.
Escutem enquanto vivem,
de amá-los deixem jamais.

Folhas secas ou maduras,
dançam ao sabor dos ventos,
serão lembranças futuras
e dignas de cumprimentos.

Nada existe de tão certo
quanto a indesejada morte,
quando dela estamos perto
pedimos: Deus nos conforte!

Não denota nenhum luxo
ser gentil e hospitaleiro,
dons presentes no gaúcho
para o orgulho brasileiro.

Ninguém se julgue maior
neste mundo em mutação,
lapidado é bem melhor
nosso ser, nossa missão.

Nosso abraço carinhoso
para quem promove a paz,
que o Deus todo poderoso
recompense o bem que faz.

O amor exige da gente
morte lenta a cada dia,
se ele não fosse exigente
de amor não se chamaria.

O que a vida nos ensina
não venhamos esquecer,
a grande lição divina
é de amar até morrer.

O tempo em ciclo perfeito
faz a folha vangloriar,
na certeza de ter feito
a plantação respirar.

Outono, luz desbotada,
folhas secas pelo chão,
velha marca registrada
dessa marcante estação.

Por mais rigoroso o frio
não faça a alma congelar,
nem mesmo o leito do rio,
tenha efeito similar.

Que a saúde sempre esteja
conosco, todos os dias,
mesmo frágil, nos proteja,
das quedas e das fobias.

Se a demora for imensa
e jamais puder voltar,
a saudade será intensa
na vida de quem ficar.

Se à farinha adicionar
os devidos ingredientes,
pão poderemos formar
com valiosos nutrientes.

Todo o mundo anda apressado
sem ter tempo pra pensar
e eu também estou cansado,
quero à sombra descansar.

Um mar de grande ternura
luz de primeira grandeza,
fonte de sábia cultura,
Mãe de infinita riqueza.

Um sorriso pouco custa
mas muito pode valer,
o pranto que tanto assusta
some sem nada fazer.

Verdes matas orvalhadas
com o néctar da saudade,
sempre vivas, espalhadas,
nos campos da mocidade.

Fonte:
Livro enviado pelo trovador.
Luiz Damo. A Trova Literária nas Páginas do Sul. Caxias do Sul/RS: Palotti, 2014.

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