quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Antonio Carlos de Barros (Nada Supera a Paz que a Natureza Nos Oferece)


Quando criança sonhava morar em uma fazenda, onde pudesse tirar leite da vaca, andar a cavalo, ter e criar meus animais, plantar e cuidar da plantação. Gosto até hoje de ouvir e de falar sobre pássaros, de rio, do mato. Em meu pátio planto somente árvores frutíferas, que além de colher das frutas diretamente nas árvores, servem de alimentos também a toda espécie de pássaros e aves. Como é bom despertar com o canto do sabiá.

À noite, o céu todo estrelado, quantos cometas incandescentes eu vi, e muitos pedidos fiz, não sei quantos foram realizados, mas até hoje, quando vejo, continuo a pedir. Acho essa tradição, fantástica, jamais abandonarei o desejo de um pedido repontar.

Às vezes me pergunto: “Será que existem pessoas que ainda sonham?” Será que esse homem perdeu a razão de ser, de sonhar? Devemos ouvir mais o nosso coração, guiar-nos pela nossa consciência e não pelos outros. Devemos ser fortes o suficientes para conservar e preservar nossos princípios espirituais em defesa da natureza, do mundo e da vida.

Como seria lindo se pudéssemos nos visitar como antigamente, reunir-se seguidamente, contar causos, piadas, dar risadas, churrasquear, comemorar a vida. Como seria bom que “nesse lugar” se respirasse amor, a confiança, a sinceridade, por toda parte encontrarmos corações bondosos e amigos caridosos.

Ainda restam esperanças. Soltem as crianças que ainda habitam em vocês, dê vez e voz, cantem, dancem, libertem essas crianças para que possam pisar na grama, escalar árvores, comer frutas direto do pé, se sujar de lama, nadar nos rios, brincar areia do mar, cuidar das plantas e dos bichos, brincar com outras crianças, falarem sozinhas, possuírem a inocência de um mundo livre e sem preconceitos, e que tudo isso existe e que pode fazer parte do seu imaginário.

Se garantirmos, às crianças, o brincar livre e espontâneo, abriremos a roda da ciranda do amanhã, para uma sociedade mais justa, fraterna, de pessoas livres, alegres e criativas, que saberão ousar, criticar, reconstruir e descobrir formas inéditas de se viver e ser feliz.

Gostaria de falar mais sobre essas maravilhas da natureza. Da paz que sentimos aqui, do verde das árvores e das gramíneas.  De dizer que ainda existe um lugar e que esse lugar, existe, e hoje, faz parte da minha própria vivência.

O poeta Ivo Bairros Brum escreveu esse poema maravilhoso, e o cantor e compositor Miguel Marques fez a melodia que para nós é um Hino: Ainda Existe um Lugar. Música de grande sucesso em todo o Rio Grande do Sul e em outros Estados. Tive o prazer e muito orgulho de escrever na contracapa do LP do Miguel Marques, onde consta essa linda melodia. Vejam a letra e na internet vários cantores interpretam essa música. Recomendo ouvirem na própria voz do Miguel Marques.

Ainda Existe um Lugar
(Ivo Bairros Brum e Miguel Marques)

Venha sentir a paz que existe aqui no campo
O ar é puro e a violência não chegou
O céu bem limpo e muito verde pela frente
E uma vertente que ainda não se contaminou.
Pela manhã o sol nascente vem sorrindo
E os passarinhos cantam hinos no pomar
O chimarrão tem um sabor de esperança
E a criança traz um futuro no olhar.
De tardezita tem os banhos no riacho
Jogo de truco junto à sombra do galpão
Uma purinha que faz rima com outro mate
E um cão que late contra o guacho no oitão.
O anoitecer nos apresenta mais estrelas
Entre o silêncio que da paz para o luar
De vez em quando um cometa incandescente
Se faz presente pra um pedido repontar.
Aqui a verdade ainda reside em cada alma
Se aperta firme quando alguém estende a mão
Se dá exemplo de amor, fraternidade
Aos da cidade que não sabem pra onde vão.

Fonte:
Colaboração do autor

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