quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Milton S. Souza (Poemas Avulsos)


AMADA AMIGA

Se, por ventura, eu fosse (sim!!!) teu namorado,
eu pegaria, docemente, em tua mão
e te diria, neste dia consagrado,
palavras lindas, brotadas do coração.

E falaria de mil sonhos, de paixão,
com meu olhar no teu olhar entrelaçado.
E te diria que és a única razão
para que eu viva sempre mais apaixonado.

Mas nada disso a vida permite que eu diga,
só posso, mesmo, te chamar de “minha amiga”
e, quando muito, tentar te fazer feliz.

Com este sonho guardado no pensamento,
uma certeza amplia mais o meu tormento:
eu sei que entendes tudo o que o meu olhar diz.

CHEGA DE ERRAR

Agora é o fim: não quero mais. Chega de dor.
Não tenho mais nem pranto para derramar.
Amor assim, brigas sem fim, é falso amor:
alguém precisa ter coragem de mudar!!!

A gente briga, a gente volta e, sem notar,
mata conceitos e perde o próprio valor.
Este perdão, que estamos prontos para dar,
é um passaporte para a briga posterior.

Somos adultos em quase todos assuntos,
mas quando temos que assumir os riscos juntos,
nos transformamos em assustadas crianças.

Chega de errar. Vamos parar e, com cuidado,
rever os rumos deste amor tão complicado
enquanto ainda temos sonhos e esperanças.

DIA DO AMIGO

Uma amizade verdadeira é raridade
que poucas vezes encontramos nesta vida:
alguém que aplauda o instante de felicidade
e esteja junto, repartindo a hora sofrida.

Que troque afeto pela esperança perdida,
que seja luz, quando rarear a claridade,
que seja apoio, quando não tiver saída,
e aponte os rumos, se sentir necessidade.

Muito obrigado pela luz do teu sorriso,
por ser presença no momento mais preciso,
por este abraço que amplia a fraternidade.

Muito obrigado pela paz que tu me deixas,
pela paciência ao escutar as minhas queixas,
muito obrigado por me dar tua amizade…

LUZ NA ESCURIDÃO
Caminhar lento, tateando pela calçada,
faz a bengala ser a luz na escuridão.
Ouvido atento: som é mensagem cifrada,
calcula o espaço em cada passo pelo chão.

A cada instante, bate forte o coração
pela incerteza que pode surgir do nada.
Algumas vezes, sente a força de uma mão
que muda o rumo da indecisa caminhada.

Olhar sem vida, noite eterna na retina,
ele usa os sonhos... e com eles ilumina
os horizontes onde busca os seus totais.

Nada reclama, porém mostra, do seu jeito,
que o mundo deve um pouquinho mais de respeito
para com todos deficientes visuais.

MORRI DE SAUDADES...
Morri de saudades... - Toda a culpa é tua:
tua ausência encheu de trevas meus espaços.
Definhei tristonho...  namorando a lua,
coração sangrando... perdendo os pedaços.

Morri de saudades... Longe dos teus braços...
chorando baixinho... sentindo a alma nua...
tentei, muitas vezes, seguir os teus passos
com meus pensamentos: não te achei na rua.

Morri de saudades... mas minha esperança
continua viva, teima e não se cansa
de olhar o horizonte, sempre a te esperar.

E ela me garante que, ao te ver chegando,
eu que, mesmo morto, sigo assim chorando,
vou sorrir de novo, vou ressuscitar…

NOSSA ESTRELINHA

Uma estrelinha se apagou bem lentamente,
deixando um rastro de tristeza em seu lugar.
Esta estrelinha tinha um brilho diferente:
deixava um pouco de magia em cada olhar

Era tão meigo o seu jeito de cintilar,
que na sua luz ninguém ficava indiferente:
Não deveria parar cedo de brilhar
quem neste mundo foi presença reluzente.

Ela era linda, mas sua luz tão fraquinha
foi se apagando, até fazer nossa estrelinha
sumir no espaço, colorindo as amplidões.

Antes porém de viajar para o infinito,
deixou sementes do seu brilho mais bonito
nas nossas vidas e nos nossos corações.

SEM DEPOIS

Não sei porque...nem quero tentar explicar
esta loucura que tem sabor de pecado.
Só sei que eu não consigo mais me controlar:
preciso estar o tempo inteiro do teu lado.

Sei muito bem que estamos no caminho errado,
que nesta estrada não vamos poder voltar,
que este presente, sem futuro e sem passado,
traz consequências: pode nos fazer chorar.

Mas é impossível sufocar esta vontade
de saborear os frutos da felicidade
que brotam fartos dos momentos de nós dois...

Nestes mergulhos nos prazeres proibidos,
um só desejo domina os nossos sentidos:
que o tempo pare neste agora sem depois.

SEM GRAÇA
Morrer é a única certeza desta vida,
mas tantos vivem loucamente, sem pensar
que, sem aviso, vai chegar a despedida,
que esta hora triste ninguém consegue evitar.

Tempo e saúde: não devemos esbanjar
pois, se nos faltam, não encontramos saída.
O tempo é louco, corre sempre sem parar,
saúde é ouro, não se gasta sem medida.

A vida ensina, mas não adianta a experiência:
nunca sabemos enfrentar aquela ausência
de quem conosco foi presença muito amada.

A morte sempre marca forte o nosso rosto:
ela não passa de piada de mau gosto
que faz chorar por ser contada na hora errada.

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