domingo, 11 de agosto de 2019

Olivaldo Júnior (Três microcontos sobre o vento)


Agosto: mês dos ventos

O VARAL DE ROUPAS DA MINHA MÃE
Quando chega o mês de agosto, o varal de roupas da minha mãe, que vive cheio de roupas, já sabe o que lhe cabe: balançar ao pé do vento, que corre solto em suas cordas.

Não é de hoje a novidade. Basta um pequeno sopro, e as camisas se entrelaçam, e as calças se embaraçam, cuidando de misturar as cores, provocando nosso “mini arco-íris”.

Dia desses, porém, o pé do vento foi mais forte, e as roupas do varal da minha mãe renderam-se às forças da natureza e, uma a uma, desprenderam-se e foram para o céu.

O QUE O VENTO UNIU...

Foi na praça, aquela ali, perto de casa. Um menino chamado Joca, do “alto” de seus quinze anos, passeava de bicicleta, quando viu Aninha, de quatorze, na sua bike também.

Conversa vai, conversa vem, o tempo mudou de repente e, para se protegerem de uma rajada de vento capaz de arrancar-lhes a alma, correram, voaram até o coreto da tal praça.

Magrelas para trás, deitadas, inertes, na calçada, ambos, tremendo de medo, se abraçaram instintivamente sob a abóbada do coreto, que timidamente balançava ao vento...

AS FOLHAS SECAS DA MINHA ALMA


Não que eu seja uma árvore, mas também tenho minha época de trocar as folhas. Agosto chega, ou qualquer outro mês em que haja vento, e me ponho a trocar as folhas da alma.

Passo entre outras almas no meio da rua e sei que, secas, minhas folhas vão caindo e se perdendo dentre as folhas que outras almas vão perdendo. Todo mundo tem seu tempo.

Por isso, quando chega o mês de agosto, conhecido “mês dos ventos”, deixo as folhas da minha alma em meio aos sonhos que se foram, que voaram para longe, e me renovo.

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Colaboração do Autor

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