segunda-feira, 15 de junho de 2020

Alaíde Lisboa (O Espelho, a Bota e a Rosa)


Era uma vez um rei que tinha uma filha muito bonita. Muitos príncipes queriam casar-se com aquela princesa tão bonita. Dentre os príncipes, três eram belos, bons e ricos.

O rei não sabia como escolher o melhor dos três para se casar com a filha. Resolveu, então propor aos príncipes que lhe trouxessem três presentes; e o príncipe que conseguisse trazer o presente de mais valor receberia a linda princesa em casamento.

Os três príncipes aceitaram a proposta do rei e partiram.

Na primeira encruzilhada, antes de tomarem rumo, combinaram que na mesma encruzilhada se encontrariam na volta de três meses depois.

O príncipe mais velho dirigiu-se a uma antiga cidade e, por cúmulo da sorte, logo na entrada viu e ouviu um menino gritando:

— Quem quer comprar um espelho mágico? Quem quer comprar um espelho mágico? Quem quer comprar um espelho mágico?

O príncipe aproximou-se do menino e perguntou:

—Qual o poder do espelho mágico?

O menino respondeu:

—O espelho mágico tem o poder de refletir tudo que se passa em qualquer parte do mundo.

O príncipe comprou o espelho e pensou:

— Com esse presente eu me casarei com a linda princesa.

O segundo príncipe dirigiu-se a outra antiga cidade e, por cúmulo da sorte, logo na entrada viu e ouviu um menino gritando:

— Quem quer comprar uma bota mágica? Quem quer comprar uma bota mágica? Quem quer comprar uma bota mágica?

O segundo príncipe aproximou-se do menino e perguntou:

— Qual é o poder da bota mágica?

O menino respondeu:

— A bota mágica tem o poder de levar a pessoa ao lugar que quiser na hora em que quiser.

O segundo príncipe comprou a bota e pensou:

— Com esse presente eu me casarei com a linda princesa.

O príncipe mais novo dirigiu-se a outra cidade, antiga também, e, por cúmulo da sorte, logo na entrada viu e ouviu um menino gritando:

— Quem quer comprar uma rosa mágica? Quem quer comprar uma rosa mágica? Quem quer comprar uma rosa mágica?

O príncipe mais novo aproximou-se do menino e perguntou:

— Qual é o poder da rosa mágica?

O menino respondeu:

— Essa rosa tem o poder de dar vida a quem estiver morrendo.

O príncipe mais novo comprou a rosa mágica e pensou:

— Com essa rosa mágica eu me casarei com a linda princesa.

No dia marcado, os três príncipes se encontraram na encruzilhada.

O príncipe mais velho mostrou aos outros o espelho mágico, e, como desejassem todos ver a princesa distante, o espelho refletiu, na mesma hora, no quarto do palácio, a princesa deitada, como se estivesse para morrer.

O segundo príncipe mostrou a bota que fazia viagens longas rapidamente e convidou os outros a irem com ele para o palácio. Num instante os três príncipes chegaram ao palácio do rei e rodearam a cama da linda princesa quase morta.

O príncipe mais novo aproximou do rosto da princesa a rosa mágica. Ao sentir o perfume, a princesa abriu os olhos, sentou-se e sorriu como se nunca estivesse perto da morte.

Tornou-se difícil escolher o príncipe que deveria casar-se com a princesa. Sem o espelho, sem a bota e sem a rosa, a linda princesa não viveria.

O pai deixou, então, que a filha mesma escolhesse de acordo com o seu coração. E ela escolheu o príncipe mais novo, o príncipe da rosa.

Mas havia também no palácio mais duas lindas princesinhas, sobrinhas do rei. A mais velha casou-se com o príncipe mais velho. A segunda casou-se com o segundo príncipe.

E foi linda a festa dos três casamentos.

Fonte:
Alaíde Lisboa de Oliveira. Histórias que ouvi contar. SP: Editora Peirópolis. Enviado por Leandro Bertoldo disponível em Árvore das Letras

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