segunda-feira, 15 de junho de 2020

Alaíde Lisboa (1904 – 2006)

Alaíde Lisboa de Oliveira nasce em Lambari, Minas Gerais, em 22 de abril de 1904, filha do farmacêutico João de Almeida Lisboa, político atuante e de Maria Rita Vilhena Lisboa.
Teve 13 irmãos.

Na década de 10, conclui os estudos básicos em Lambari, para continuar sua formação em Campanha (MG). Retorna a Lambari, onde leciona no curso primário.

Em 1924, com a eleição de seu pai a deputado federal, a família muda-se para o Rio de Janeiro, onde realiza estudos da reforma do ensino que lá se processava, solicitada pelo governo de Minas. Alaíde e seus irmãos, especialmente os poetas Henriqueta e José Carlos, passam a frequentar a cena cultural do Rio dos anos 20, que tinha na literatura uma forte alavanca.

Em 1934, em Belo Horizonte, Alaíde diploma-se no Curso Geral da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria da Educação e Saúde Pública de MG, embrião do futuro curso superior de Pedagogia. Em 1936, casa-se com José Lourenço de Oliveira, advogado, professor e escritor, com quem teve quatro filhos. De 1937 a 1957, leciona língua portuguesa. 

O ano de 1938 marca a estreia na literatura infantil com as primeiras edições dos clássicos "A Bonequinha Preta" e "O Bonequinho Doce".  Em 1939 ela lança seu primeiro livro didático, “A Poesia no Curso Primário”, em co-autoria com Marieta Leite e Zilá Frota.

Durante a década de 1940, Alaíde Lisboa elege-se presidente da Associação dos Professores Públicos de Minas Gerais. Em 1947 eleita primeira suplente na Câmara Municipal de Belo Horizonte, assumindo o cargo em 1949, tornando-se a primeira mulher a exercer a vereança em Minas Gerais, apenas 17 anos após a conquista do voto feminino. Jornalista mais intensa desde 1948, à frente do Suplemento infanto-juvenil  “O Diário do Pequeno Polegar”, do jornal “O Diário”, de Belo Horizonte. Nessa época, lança a “Cartilha brasileira para adultos e adolescentes”.

Em 1951, leciona Didática na graduação da Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG. Em 1954 lança “Cirandinha”. Em 1957 conclui o Doutorado em Didática na Fafich/UFMG, assume a direção do Colégio de Aplicação (cargo exercido até 1971) e lança “Mimi Fugiu” e “Meu Coração”, e “Sugestões para divulgação do ensino primário no Brasil”, pela UFMG, além de traduzir e adaptar “Simbad, o Marujo”, para a coleção “As Mil e Uma Noites”.

Em 1959, ela obtém o primeiro lugar em concurso público de cátedra da Universidade de Minas Gerais, e exerce a cátedra de Didática Geral e Especial na Faculdade de Filosofia, depois Faculdade de Educação da UFMG.

Na década de 1960, torna-se representante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil em Minas Gerais e integra o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. Em 1967 lança “Poesia na Escola” (antologia de poemas com orientação pedagógica), e em 1970 é homenageada pelo Colégio de Aplicação da UFMG, que tanta contribuição recebeu da mestra no período em que ela esteve à frente da instituição.

Em 1971, Alaíde organiza e coordena o Mestrado em Educação da UFMG, e lança o livro didático “Comunicação em Prosa e Verso”. Passa a lecionar Metodologia do Ensino Superior na pós-graduação das faculdades de Educação e Medicina da UFMG. Em 1975, ela assume o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação da UFMG. Em 1973, publica a tradução de “Invenção Dirigida – O Mecanismo Psicológico da Invenção”, de Edouard Claparède, pela Faculdade de Educação da UFMG em comemoração ao centenário do autor. Em 1976, sua atuação pública é reconhecida pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, que concede à educadora o título de Cidadã Belo-Horizontina.

Em 1978, lança “Nova Didática”, e no ano seguinte recebe o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Minas Gerais.

Na década de 80 lança “Edmar – esse menino vai longe” (1981) e “Gato que te quero gato” (1988), literatura infanto-juvenil; e tem re-editados “Ensino de língua e literatura” (1983), “Meu Coração” (1984) e “O Livro Didático” (1986).

Sua extensa e produtiva atuação como escritora, pedagoga, jornalista e política é bastante reconhecida durante essa década. Foram muitas as homenagens e condecorações, entre elas a Medalha do Mérito Educacional, ofertada pela Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (1984), a Medalha Helena Antipoff, pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (1985), a Medalha Santos Dumont, pelo Governo do Estado de Minas Gerais (1986) e a Medalha de Honra da Inconfidência Mineira, pelo Governo de Minas Gerais.

Em 1986, Alaíde é eleita membro da Academia Municipalista de Letras, e em 1988 da Academia Feminina Mineira de Letras.

Aos quase 90 anos, continua sua produção pedagógica. Em 1991, lança “Da alfabetização ao gosto pela leitura” pela Imprensa Oficial de Belo Horizonte. Em 1996 é a vez de “Impressões de Leitura”, vencedor do prêmio “Crítica e Interpretação” da União Brasileira de Escritores (1997), e “José Lourenço de Oliveira – Educador”.

Tanta atividade desperta mais homenagens: a Secretaria de Estado da Educação a homenageia com a Placa do Encontro Central de Alfabetização; o Governo de Minas, com a medalha “Centenário do Palácio da Liberdade”, a Fundação AMAE para Educação e Cultura, com a comenda “Lúcia Casassanta”; e a Federação das Indústrias de Minas Gerais, com a medalha “SESI 50 anos / Categoria Cultural”.

Em 1995 vem a consagração à sua atividade intelectual com a entrada para a Academia Mineira de Letras. São apenas quatro mulheres em quase 170 cadeiras, uma delas ocupada no passado por sua irmã, a poeta Henriqueta Lisboa.

Abre o novo milênio com o lançamento de seu livro de memórias: “Se bem me lembro...”, e recebe novas homenagens: a Medalha “Gustavo Capanema – Centenário”, pelo Governo de Minas Gerais, e a Medalha “Coronel Fulgêncio de Souza Santos”, Grau Prata, pela União do Pessoal da Policia Militar de Minas Gerais. Em 2001, a Editora Lê, de Belo Horizonte, lança novas edições de “A Bonequinha Preta”, “Ciranda”, “Cirandinha”, “Como se fosse gente”, “O Bonequinho Doce” e “Outras Fábulas”.

Em 2004, a Editora Peirópolis, de São Paulo, lança “Era uma vez um abacateiro” e “Histórias que ouvi contar”, textos selecionados do livro “Meu Coração”.

O centenário de Alaíde Lisboa vem sendo celebrado pelas mais diversas entidades, entre faculdades, escolas, bibliotecas, academias de letras e casas legislativas. Muitas delas, como a Faculdade de Educação da UFMG e a Academia Mineira de Letras, contaram com a atuação direta de Alaíde em sua vida institucional, enquanto outras se inspiraram em sua produção.

Falece em 4 de novembro de 2006, em Belo Horizonte com 102 anos.

Fonte:
http://alaidelisboa.fae.ufmg.br/conteudo.htm

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