segunda-feira, 15 de junho de 2020

Teresinka Pereira (Poemas Recolhidos) V


MERCADO DE POESIA

Letras em púrpura
lírica destilada
em riso e pranto,
sabor de fruta fresca
e cheiro de folhas ao vento.
Sobre o balcão
os poemas são essências
de uma linguagem perdida
de tinta em silêncio.
Não pulsam,
mas ardem
enquanto o olho do poeta
no canto do mercado
parece um punhal de pedra
esperando o comprador.
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POEMA PARA CELEBRAR A VIDA
 

Nossa vida é apenas uma temporada
que brota por acaso no meio do sol.
Brincar de viver, de amar,
de gozar as cores da paisagem e a música do dia,
as ilusões de palavras ao vento,
é o nosso destino, é o nosso direito.

Suavemente vamos vivendo
se sabemos as regras deste jogo rápido e misterioso
sem preocupações de verdades ou de mentiras infinitas,
porque a felicidade só aparece uma vez,
quando sem notá-la beijamos uma boca adorada
ou apertamos a mão do melhor companheiro
antes que o frio da noite escura apague tudo
o que foi belo, amado, presente
e parecia eterno.
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POESIA, ARCO-ÍRIS DE SENTIMENTOS

A poesia pode umedecer nossa boca
e renovar a promessa do primeiro beijo.

Uma linda aquarela
com um arco-íris no horizonte,
a cor do alvorecer
ou as folhas das árvores
dançando com a brisa
aos olhos de um amante,
sem poesia não podem
produzir emoção.

O arco-íris da poesia
tem a condição com a qual
tudo ganha mais vida,
assim como as gotas de orvalho,
o sorriso da manhã
e o azulado da noite.
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TRABALHO DE POETA

Estou em uma selva de nervos.
Dizem que o estresse
vem do trabalho excessivo,
vem de dormir a manhã inteira
e de levantar-me ao meio dia
descansada e triunfante
para viver a palavra
que se detém em outros lábios.

Mas, não. O trabalho do poeta
embora seja como
um poço sem fundo,
é também como um tango
bem ou mal cantado
que padece nos círculos espaciais.

Minha dor não vem do trabalho:
ao contrário, meu trabalho
vem da dor, do verso de pedra
que faz explodir o horror
enquanto espero a vida
começar outra vez.
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UMA UTOPIA, A PAZ

A paz, o ideal romântico
pelo qual o ser humano faz a guerra,
é o bem em oposição ao ódio.

É uma utopia a paz,
porque o ser humano
é mais demônio do que anjo
e levamos dentro de nosso ser
o desejo do triunfo e da glória.

Não há vencedor sem vencido,
nem triunfo sem derrota.
O nobre não existe sem o vilão,
nem a verdade sem a imaginação.

Se a guerra, a tormenta e o ódio
são clamores de vingança e agonia,
a paz só chega com a liberdade,
o silêncio e a morte.

Enquanto os mortos descansam em sua paz,
os insaciáveis vencedores seguem seu caminho
em busca de outra avidez,
de mais sangue e de outra guerra.
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Fonte:
Poemas enviados pela poetisa.

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