Dos contos
Dos cantos
Dos encantos.
Em tuas ruazinhas,
Meu coração
Paralelepípedo.
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Ao tocar
As pétalas dos teus lábios
Flores desabrocham
Em efusivos beijos.
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As imagens do tempo
Ficaram encalacradas
No velho espelho
E o sorriso sem jeito
Ficou imperfeito pela mancha no aço
No corredor semi-escuro
Com ladrilhos em mosaico
Desfilam lembranças
Com chinelos de veludo
E o espelho
Com olhar cansado
Já não guarda mais segredo
Com silêncio centenário
O relógio de parede
Assiste a tudo
Pois já os seu ponteiros
Parados
Marcam um tempo indefinido.
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Com maestria
Do meu corpo
Arrancas notas de alegria.
Bemóis e sustenidos
A exaustão,
Dos movimentos repetidos
Sem nenhuma pausa
Da alma em êxtase
Escapa um desafinado gemido.
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Desiludida,
Na sombra do meu silêncio
Me protegi
Mas tão ingênua
Não percebi
Que você já estava
Todo tatuado
Em mim.
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Deslizam saudades
Nas gotas miúdas
Da garoa silenciosa
São lembranças que escorrem
Histórias que correm
Saídas do esconde-esconde
Setenta são os anos
Mas muitos mais estão nos planos
Daquele lá de cima
A alma tão jovem
A todos comove
Com as palavras não faz regime
Assim mantem-se tão forte
Na prece busca o seu norte
Sob a luz divina.
(Homenagem ao amigo e irmão George Abrão)
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Entre silêncios e sussurros
O vento desperta
O som
Que dorme nas conchas
E sem fazer ondas
A alma navega em paz.
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Já FUI tantas coisas
Sou EX de outras tantas
Só não quero vir a SER
Um EX da vida tua.
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Na palma de minhas mãos...
Linha da cabeça
Linha do destino
Linha da vida
Linha do coração
Misturam-se todas
As minhas e as tuas
No ato de dar as mãos
Confunde-se a cigana
Pois um só
É o caminho de quem ama
Que mostra-se tão evidente
No andar contente
Com um entrelaçar de mãos,
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Os calos do tempo
Calados
Falam tão alto
Ensinando
Que os nós da vida
Não são o fim
São voltas
Em torno de si mesmos
Apontando incansáveis
Para novos caminhos do porvir.
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Passastes em meu caminho
Feito um asfalto quente
E tudo ficou diferente
Que até hoje
A tua ausência dói em mim.
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Rá, rá , rá !
O sapo sabe voar.
Não tem penas
Não tem asas
Mas no ar sabe saltar.
Rá, rá, rá !
O sapo sabe voar.
De astronauta
A Príncipe Encantado
No banhado, pobre coitado
Foi cavalgar.
Rá, rá, rá!
O sapo sabe voar.
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Se o vento
Ao contrário sopra
Com ele faço um cata-vento.
Sigo meu caminho atento
Em Deus,
Firmo sempre o pensamento.
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Sereia da água doce
Como queria que você fosse
Tão minha,
Como das águas é.
Meus olhos encantados
Me deixam acorrentado
Escravo sou
De você, mulher.
De desejo e saudade
Em mim até formo lago
De lágrimas, ai que salgado!
Será que um dia
Você vai me pertencer?
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Daniel Maurício. Gotas Poéticas. São Carlos/SP: Pedro & João Ed., 2021.
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