vai faminta e não cochila,
leva os sonhos na sacola
mas, falta o pão, na mochila!
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Ama a vida, honra teu nome,
não perca a tua altivez;
que o tempo tudo consome,
mas, poupa a nossa honradez!
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Ao ver, ó cego, o sorriso,
no teu rosto sem visão,
percebo o quanto é preciso
sentir Deus no coração!
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Ave das noites sem luz,
o mocho, vagando em vão,
enfim, nos braços da cruz,
quebra a cruz da solidão!
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Em meio a tanto abandono,
se não creiais, vinde e vede,
que a velha rede sem dono
chora a ausência de outra rede!
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Essa saudade grisalha,
que em mim, se fez mendicância,
é fogo que se agasalha
nas palhas de minha infância!
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Eu não invejo o teu ouro,
mesmo sem prata em meu teto;
porque meu rico tesouro
vem do garimpo do afeto!
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Eu sinto a dor da floresta,
ao ver que o mundo sem dó,
ri do pouco que nos resta
aos poucos virando pó!
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Há na luz do entardecer,
um sossego tão agudo,
que o poeta pode antever
que há silêncio em quase tudo!
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Meia noite!... E, sobre as ondas,
ao delírio me conduz,
a lua fazendo rondas
e enchendo as ondas de luz!
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Mundo afora, enfrento atrito,
e a todo instante, empecilho;
parece que eu trouxe escrito
meu destino de andarilho!
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Na mocidade, não cabe,
os bens que a vida nos deu;
mas, na velhice, se sabe
tudo que o tempo escreveu!
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Não sei por que me confortas.
Pois, eu nem sei quem tu és;
se o canto das horas mortas,
cai feito pranto aos teus pés!
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Não temas!... Ergue-te agora,
que o Sol com tanto esplendor,
não lamenta e também chora
quando reflete na flor!
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No amor, há muitas surpresas;
não penses que me atrapalho...
Pode haver brasas acesas
sob as cinzas do borralho!
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O amor, tem seus atavios,
tem adereços e encantos,
e em meio aos seus desafios,
rolam mágoas, riso e prantos!
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O tempo, aos poucos, descreve
e, mostra com seus desvelos,
meus dias da cor de neve
no branco dos meus cabelos!
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O tempo, em silêncio, avança
e, neste silêncio mudo,
não leva tudo que alcança
mas leva um pouco de tudo!
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O tempo, nos dá de sobra,
exemplos com seus hiatos;
mas, muitas vezes, nos cobra,
respostas por nossos atos!
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Ouço a neblina e, à distância,
pelo toque, a noite inteira,
conto os segundos da infância
pelos pingos da biqueira!
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Por que preconceito e ódio,
com gênero, raça e cor?...
Assim, ninguém sobe ao pódio
da paz, da glória e do amor!
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Quando alguém, à fé, se entrega,
e crê na fé que o conduz,
não sente a cruz que carrega,
se do outro, carrega a cruz!
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São tantos os caracóis
nos arco-íris matinais,
que as nuvens, bordam lençóis
nos arcos dos seus varais!
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Se a sorte nunca te ajuda,
não percas nunca a esperança,
que o próprio destino muda
e a sorte volta e te alcança!
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Sorrio, que o riso acalma;
e, essa calma que preciso,
é alimento de minha alma
que vem da fonte do riso!
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Vão para o mar!... E, entre os seus,
quer do cais, quer dos barrancos,
lenços brancos dando adeus
aos sofridos lenços brancos!
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Fonte:
Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021.
Enviado pelo trovador.
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