às lindas praias morenas
é magia que reveste
as suas noites serenas.
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Acorda a nossa consciência
o drama da moto-serra
que mesmo em sua inocência,
sela o destino da Terra.
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Após trabalho incessante,
num pipilo, o passarinho
anuncia, triunfante,
a festa de um novo ninho.
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A rosa, o lírio, a violeta
dão o tom com seus olores,
e o jardim abre a retreta
em sinfonia de cores.
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A roseira solferina
num cantinho do jardim,
guarda os sonhos da menina
que o tempo mudou, em mim.
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Até por gênios deixada,
a floresta a vida encerra,
e deserta, devastada,
sela o destino da Terra.
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Dizemos que o tempo voa,
e enquanto filosofamos,
ele vive aí... à toa...
e somos nós que voamos.
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Envolto em nívea camada,
sonha, em repouso, o jardim.
Vem o sol, derrete a geada…
Negro, o sonho chega ao fim.
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Fala a gota que se esconde
no cálice de uma flor;
fala o mar, tudo responde,
quando fala o Criador,
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Garoto à fome minguando,
na calçada sentadinho,
e o vendedor apregoando;
"Olha gente, o pão quentinho!"
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Na capelinha da aldeia,
os contornos esfumados
brilham à luz da candeio
da fé dos seus devotados.
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Na praça, neste banquinho,
passou correndo a amizade;
sentou o amor, só um pouquinho,
ficou pra sempre a saudade.
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Nas águas de um turvo horrível
espelha-se um céu cinéreo,
onde a ganância, insensível,
já pôs também seu império.
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Nem sonhos maus acontecem
nas noites mais tormentosas.
Se teus abraços me aquecem,
durmo num leito de rosas.
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No mar a lua se espelha,
mas o gigante, enciumado,
reduz a cocos de telha
o lindo disco prateado.!
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Num estranho automatismo,
lá do fundo, os meus gemidos
voltam ò tona do abismo,
procurando os teus ouvidos,
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Parecemos - tu chorando
e eu num discreto lamento -
dois violinos ensaiando
a charanga atroz do vento.
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Se enfrento a agressão do frio,
do gelo pelos caminhos,
é porque me refugio
sob o sol dos teus carinhos.
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Se me abrigo no teu braço
das noites na travessia,
até da insónia, o cansaço
torna doce a companhia.
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Sem motivo, sem palavra,
no adeus insinuado em calma,
deste o golpe que escalavra
os pilares de minha alma.
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Sinto, e é quase transparente
que estás a te divertir,
mas falta ao meu ser carente
coragem pra conferir.
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Talvez um simples "Bom dia"
dito em casual diapasão,
seja a nota de alegria
que faltava ao teu irmão.
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Toda enfeitada, a capela
faceira põe-se a esperar
de algum artista a chancela
que a venha imortalizar.
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Uma certeza me encanta
e traz minha alma aquecida:
Se o orvalho reanima a planta,
a fé é o orvalho da vida.
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Você, absurda e volúvel,
que ora quer, ora recusa,
é, o grande enigma insolúvel
em minha vida confusa.
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Fonte:
Dorothy Jansson Moretti. Painel do entardecer. Cachoeirinha/RS: Texto Certo, 2013.
Enviado pela trovadora.
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