Nada havia e bonito, de estilo arquitetônico, nem de especial na casa situada numa das esquinas da Rua Almeida Salim. Era uma velha casa de madeira sem pintura e já quase em ruínas. O que me impressionavam eram as histórias que eu ouvia sobre a sua antiga proprietária: dona Felisberta, que era uma proxeneta negra, sendo a sua casa um bordel.
Apesar das suas funções e da destinação da casa, ela sempre exigia respeito e ordem no eu lupanar. Ai de quem desacatasse as normas, fosse uma das suas meninas ou um dos frequentadores, ela tomava as devidas providências. Exigia sempre respeito à vizinhança e aos transeuntes.
Higiene também era primordial. Para tanto, as meninas, além do ofício a que se propunham, também recebiam instruções sobre cuidados pessoais e limpeza doméstica, Recebiam também ensinamentos sobre culinária (Felisberta era uma excelente cozinheira).
Pelo exposto, Felisberta recebia tratamento respeitoso por parte da sociedade jaguariaivense, tanto que, em determinados dias do ano, seu bordel era fechado e ela mandava as meninas passear (com exceção de algumas delas, que ficavam para auxiliá-la).
Então preparava um banquete composto de saborosas iguarias e bebidas finas que era servido em uma enorme mesa, sobre toalhas de linho, porcelana inglesa, pratarias, e cristais.
Os convidados eram os senhores mais importantes da cidade, os mesmos que frequentavam o seu bordel, acompanhados pelas suas esposas.
Os convites para tais festas eram muito disputados.
Dona Felisberta, símbolo da liberdade em uma época austera com a moral e os bons costumes.
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