sábado, 26 de agosto de 2023

Gerson Luís Borges de Macedo (Acredite se quiser)


Já vai longe o tempo em que uma corrida de cavalos era um divertimento restrito a meia dúzia de espectadores, sendo que dentre eles alguns especiais, os donos dos animais, geralmente os "Coronéis" da época. O local era quase sempre uma raia improvisada em qualquer canto desse nosso país, e os cavalinhos nem de longe lembrariam os puro-sangues que galopam profissionalmente hoje em dia, pelos hipódromos de todo o mundo.

O povo paranaense pode se orgulhar do turfe de nosso Estado, considerado entre os quatro melhores do Brasil, ao lado de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Possuímos um centro de criação dos melhores e um belíssimo hipódromo    totalmente normatizado, que realiza corridas todos os finais de semana, se constituindo numa ótima opção de dizer ao povo curitibano, além, é claro, o fato de que ninguém resiste à tentação de fazer uma "fézinha" e torcer pelo seu preferido.

As corridas do Hipódromo do Tarumã em Curitiba ganharam o Brasil e uma vez por mês são transmitidas via satélite para todo o país, onde agências de apostas fazem o elo de ligação entre o sonho da fortuna e as patas dos animais, que correm sem saber que movimentam um mundo de emoções, muito trabalho, tristeza e alegrias.

Apesar de toda modernidade e tecnologia que invadiu o turfe, o inacreditável também acontece nas pistas de corridas. A história que vamos relatar aconteceu no Hipódromo de Uvaranas, cidade de Ponta Grossa, hoje infelizmente desativada, há mais ou menos 12 anos atrás. Devo esclarecer que não há registro fotográfico ou vídeo do fato ocorrido. Garanto, porém, a veracidade da história, e testemunhas com certeza aparecerão às dezenas após a publicação destas linhas.

Por mais leigo que seja o leitor em matéria de corridas de cavalos, todos certamente sabem o que é um cavalo e o que é um jóquei, e que em toda corrida cada animal tem o seu respectivo e único condutor. Pois é, em Ponta Grossa aconteceu a exceção. Em um determinado páreo, um cavalo iniciou uma corrida com um jóquei e terminou-a com outro. Sucedeu que no início da reta final houve uma "rodada", que na gíria turfística significa um acidente ou queda, envolvendo dois cavalos e respectivos jóqueis. Um dos jóqueis se estatelou no chão, mas o segundo jóquei foi cair exatamente em cima do cavalo que não o seu, e o mesmo continuou a correr. O assustado ginete na tentativa de evitar mal maior para si próprio, agarrou-se como pôde no também assustado animal e os dois continuaram a correr, sem saber que estavam protagonizando uma cena digna da "Sessão Pastelão" e um fato inédito no mundo do turfe. Para a cena ficar perfeita, só faltou que os dois tivessem ganho a corrida.

Fonte:
300 Histórias do Paraná: coletânea. Curitiba: Artes e Textos, 2004.

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