Cansado de andar, Pedro Malasarte chegou a uma grande cidade. Já haviam se passado dois dias desde que se banqueteara com os cegos e seu estômago dava horas.
Para piorar ainda mais sua situação, estava com uma dor de dentes que mal podia suportar.
Mas não tinha dinheiro nem para pagar o dentista -que naquele tempo era o barbeiro -nem para comer. Gastara as últimas moedas no caminho, comprando um burrico para uma pobre velha que também ia para a cidade mas mal podia andar.
Ia mergulhado em tristes pensamentos quando passou na porta de uma padaria. Acabava de sair uma fornada e o cheiro de pão enchia o ar.
Pedro Malasarte olhou para dentro e viu toda espécie de pães e bolos.
Ficou com água na boca.
O dono da padaria estava na porta, com seu avental branco, e parecia ter o rei na barriga. Em tom de mofa, vendo a cara de Pedro Malasarte, perguntou-lhe:
– Quantos pães e doces seriam necessários para matar a sua fome, hein?
Nosso herói respondeu sem hesitar:
– Puxa, aposto que comeria uns cem...
– Ora, ora! – exclamou o padeiro, que adorava fazer apostas. – Que posso lhe fazer se não conseguir comer mesmo cem pães e doces?
– Amigo padeiro, já deve ter percebido que não tenho comigo um só tostão. Mas para lhe mostrar que sou mesmo capaz de fazer o que estou dizendo, pode mandar me arrancar um dente de quatro raízes se não comer cem pães e doces!
Arrancar dente sempre foi coisa de meter medo. Divertido com a aposta, o dono da padaria mandou Pedro Malasartes entrar e serviu-lhe os mais finos produtos do seu estabelecimento. Pãezinhos de queijo e broas, bolos, doces, marias-moles e tudo o mais.
Nosso herói estava mesmo com uma fome de lobo e conseguiu comer, sem maior esforço, uns quatro pães, duas ou três broas, algumas roscas e quatro ou cinco doces.
Dando-se por satisfeito, virou-se para o padeiro:
– É... Não é que não consigo nem olhar mais para pães e doces?
Prontamente o outro o agarrou pelo braço e levou-o ao barbeiro:
– Amigo barbeiro, trate de arrancar por minha conta um dente de quatro raízes desse malandro!
– Este aqui, este aqui -apontou Pedro Malasartes, mais que depressa, rindo por dentro.
O barbeiro arrancou-lhe o dente dolorido em três tempos. Não doeu tanto assim, mas Malasartes fez muitas caretas.
-Está vendo só no que dá fazer apostas? -disse o padeiro, com ar triunfante. -Devia ter visto logo que não poderia comer tanto assim.
– Pois agora é que vou comer muito mais! -retrucou Pedro Malasartes.
E foi-se embora assobiando, com a barriga cheia e livre do dente que tanto o incomodava, sem gastar um tostão...
Para piorar ainda mais sua situação, estava com uma dor de dentes que mal podia suportar.
Mas não tinha dinheiro nem para pagar o dentista -que naquele tempo era o barbeiro -nem para comer. Gastara as últimas moedas no caminho, comprando um burrico para uma pobre velha que também ia para a cidade mas mal podia andar.
Ia mergulhado em tristes pensamentos quando passou na porta de uma padaria. Acabava de sair uma fornada e o cheiro de pão enchia o ar.
Pedro Malasarte olhou para dentro e viu toda espécie de pães e bolos.
Ficou com água na boca.
O dono da padaria estava na porta, com seu avental branco, e parecia ter o rei na barriga. Em tom de mofa, vendo a cara de Pedro Malasarte, perguntou-lhe:
– Quantos pães e doces seriam necessários para matar a sua fome, hein?
Nosso herói respondeu sem hesitar:
– Puxa, aposto que comeria uns cem...
– Ora, ora! – exclamou o padeiro, que adorava fazer apostas. – Que posso lhe fazer se não conseguir comer mesmo cem pães e doces?
– Amigo padeiro, já deve ter percebido que não tenho comigo um só tostão. Mas para lhe mostrar que sou mesmo capaz de fazer o que estou dizendo, pode mandar me arrancar um dente de quatro raízes se não comer cem pães e doces!
Arrancar dente sempre foi coisa de meter medo. Divertido com a aposta, o dono da padaria mandou Pedro Malasartes entrar e serviu-lhe os mais finos produtos do seu estabelecimento. Pãezinhos de queijo e broas, bolos, doces, marias-moles e tudo o mais.
Nosso herói estava mesmo com uma fome de lobo e conseguiu comer, sem maior esforço, uns quatro pães, duas ou três broas, algumas roscas e quatro ou cinco doces.
Dando-se por satisfeito, virou-se para o padeiro:
– É... Não é que não consigo nem olhar mais para pães e doces?
Prontamente o outro o agarrou pelo braço e levou-o ao barbeiro:
– Amigo barbeiro, trate de arrancar por minha conta um dente de quatro raízes desse malandro!
– Este aqui, este aqui -apontou Pedro Malasartes, mais que depressa, rindo por dentro.
O barbeiro arrancou-lhe o dente dolorido em três tempos. Não doeu tanto assim, mas Malasartes fez muitas caretas.
-Está vendo só no que dá fazer apostas? -disse o padeiro, com ar triunfante. -Devia ter visto logo que não poderia comer tanto assim.
– Pois agora é que vou comer muito mais! -retrucou Pedro Malasartes.
E foi-se embora assobiando, com a barriga cheia e livre do dente que tanto o incomodava, sem gastar um tostão...
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