RUMO À TERRA ROXA
-Foi nessa época que o café chegou a São Paulo, onde encontrou canteiro ideal: as prodigiosas terras roxas, cujas primeiras manchas encontravam-se na região de Campinas. Era o ponto de partida para a mais significativa arrancada de que se tem notícia na história da economia brasileira. Na terra roxa os cafezais passaram a produzir o dobro, muitas vezes o triplo daqueles cultivados em outros solos.
-Como se explica essa força da terra roxa?
-Isso é coisa para ser explicada por especialistas, porém já li que há cerca de 180 milhões de anos ocorreram derrames basálticos em vastas áreas hoje pertencentes a São Paulo e ao Paraná, dando origem a esse tipo de solo. A natureza costuma operar maravilhas em seus misteriosos laboratórios. O fato é que essas terras, graças àquele enxerto químico, adquiriram nova coloração e extraordinária fertilidade. Pois bem: com tal canteiro à sua disposição, os fazendeiros paulistas formaram um verdadeiro “mar de café”, obtendo fartos,
lucros cujos excedentes passaram a ser diversificados. Cresceu o comércio, construíram-se estradas de ferro e usinas de eletricidade, e surgiram as primeiras grandes indústrias.
-São Paulo assumiu o papel de locomotiva...
-Com dinheiro sobrando, São Paulo nunca mais parou de crescer, para tornar-se em menos de um século o maior centro social, político e econômico da América do Sul. A locomotiva disparou!
-Campinas disparou junto...
-Campinas foi o marco inicial dessa nova era, passando a centralizar o comércio cafeeiro, que antes dera vida às cidades do Vale do Paraíba: Bananal, Parati, Queluz, Pindamonhangaba e outras. A partir de Campinas, seguindo os rastros da terra roxa, o café expandiu-se para oeste e sudoeste. Tamanha era a produção, que não podia mais ser transportada em lombo de burro. Daí a urgente necessidade de se construir ferrovias: a Sorocabana, a Mojiana, e a fantástica Santos-Jundiaí, que venceu o bloqueio da serra do Mar e passou a levar o café diretamente ao porto.
-E o trem chegou ao Paraná...
-E me trouxe até Londrina.
-Já existia Londrina?
-Estava ainda com cheiro de mato, porém já fervilhando. E como lhe disse no início, em Londrina permaneci durante dez anos, dali partindo em 1942 para me estabelecer definitivamente em Maringá.
-E então...
-Então testemunhei desde a primeira hora a fascinante história desta cidade. Mas aqui podemos encerrar a conversa, visto que o que dali por diante aconteceu é por demais conhecido de todos.
Rodrigo acendeu outro cigarrinho de palha, despediu-se, e nada mais me restou senão agradecer e pôr a fábula em ata.
FIM
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O e-book pode ser feito o download no blog do Assis http://aadeassis.blogspot.com
Fonte:
A. A. de Assis (A Província do Guairá: Um pouco da história do antes de Maringá). e-book. 2011.
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