sábado, 27 de junho de 2020

Gislaine Canales (Glosas Diversas) XVII


IDADE DE JAMBEIRO

MOTE:
Quando o sol acende a terra
e varre da noite os breus,
em Jambeiro, ao pé da serra
posso ver a mão de Deus!

Edmar Japiassú Maia
Nova Friburgo/RJ


GLOSA:
Quando o sol acende a terra

com sua luz tão bonita,
termina, da noite, a guerra,
numa ternura infinita!

Quando ele chega radiante
e varre da noite os breus,
seu brilho desafiante
ilumina os sonhos meus!

Enorme beleza encerra,
feito um começo de vida,
em Jambeiro, ao pé da serra,
essa cidade querida!

O Sol é vida e calor,
e ao sentir os raios seus,
me embriagando de amor,
posso ver a mão de Deus!
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AMOR DE MENTIRINHA

MOTE:

Mentindo em cada estrelinha,
com tanta sinceridade,
nosso amor de mentirinha
parece até que é verdade!

Elisabeth Souza Cruz
Nova Friburgo/RJ


GLOSA:
Mentindo em cada estrelinha,

deste céu do nosso amor,   
foste essa ilusão tão minha,
com tua luz, teu fervor!

O nosso amor mentiroso,
com tanta sinceridade
sabia ser bem gostoso,
nessa nossa intimidade!

De todos é diferente,
as tuas juras de amor!
Nosso amor de mentirinha    '
jamais conheceu a dor!

Eu nem sei o que pensar,
será sonho ou realidade?
Mas, é bom, assim, amar...
parece até que é verdade!
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ILHA DO FADO

MOTE:

Se o fado se canta e reza
como triste melodia.
Bendita seja a tristeza
que me dá tanta alegria.

Euclides Cavaco
Coimbra/Portugal


GLOSA:

Se o fado se canta e reza
vamos rezar e cantar,
pois cantar, a ninguém lesa,
e é tão bom, quanto abraçar!

Às vezes, o fado soa
como triste melodia,
que ao mesmo tempo, abençoa;
o fado é pura magia!

Clamo sempre na defesa
de qualquer fado que ouvir!
Bendita seja a tristeza
que ele me faça sentir!

Meu coração se engalana
quando o fado o acaricia,
sinto que tem alma humana,
que me dá tanta alegria.
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LETRAS NA AREIA

MOTE:

Este amor que me consome
e esta saudade - entonteia!…
Traço nas dunas teu nome
e beijo as letras na areia!...

Fernando Câncio Araújo
Fortaleza/CE, 1922 – 2013


GLOSA:
Este amor que me consome

mais aumenta a cada dia,
é natural que ele tome
aquela antiga alegria!

Sinto uma imensa saudade
e esta saudade - entonteia!...
Sem peso, sem equidade,
a minha razão cerceia!

Do teu amor, tendo fome,
me lanço às praias, sorrindo,
traço nas dunas teu nome,
teu nome, tão doce e lindo!

Louco de amor e paixão,
eu espero a Lua cheia,
que ilumina a praia, então,
e beijo as letras na areia!...
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FALAR OU CALAR

MOTE:

Quem quer dizer o que sente
não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente;
cala, parece esquecer.

Fernando Pessoa
Lisboa/Portugal, 1888 – 1935


GLOSA:
Quem quer dizer o que sente

fica às vezes, indeciso,
saber viver o presente
é necessário, é preciso!

As palavras vão sumindo,
não sabe o que há de dizer
de repente, se vão indo,
sem saber o que fazer!

Se fala, eloquentemente,
as dúvidas o atropelam,
fala: parece que mente;
e as palavras se esfacelam!

Se fica mudo, é pior!
Onde a coragem de ser
quer tornar tudo melhor,
cala, parece esquecer.

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas XXXIV. In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós. http://www.portalcen.org. 2007.

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