segunda-feira, 31 de julho de 2023

A. A. de Assis (Antessala do céu)

Tenho lido aqui, ali e alhures que cerca de 97 por cento da população mundial declara crer em Deus e na continuidade da vida após o repouso do corpo provisório. Significa que 97 em cada 100 pessoas, em alguns momentos, certamente se preocupam com o que lhes acontecerá no lá mais adiante. Eterna felicidade ou sofrimento eterno? 

O ideal seria que todos, desde crianças, tivéssemos condições para trilhar sem desvios o caminho da pureza e do amor. No entanto isso é difícil demais. Somente umas raríssimas pessoas conseguem chegar ao final da peregrinação terrena com a alma prontinha para de imediato ingressar no reino da bem-aventurança.  

É que nossa passagem por este complicado planeta é cheia de atropelos, tentações, transtornos mentais, competições, carências, machucados de todo tipo, de modo que se torna quase impossível concluir a jornada livres de manchas, recalques, ressentimentos, culpas, remorsos – resquícios que precisam ser expurgados.

De minha parte, acredito que o sacrifício de Jesus Cristo já nos redimiu. Todavia penso ser indispensável a gente estar com a alma suficientemente em ordem no momento da transferência para a celestial morada.

A esperança, então, é que a inesgotável bondade de Deus nos conceda a chance de passar por um estágio intermediário de higienização moral e espiritual, durante o qual possamos completar a cura das nossas imperfeições e assim chegar finalmente ao estado de céu. Alguns creem num processo de aperfeiçoamento mediante sucessivas reencarnações; outros, eu inclusive, acreditamos que tal processo ocorra num capítulo único, conhecido como purgatório. 

Em linguagem humana, é difícil, no entanto, definir o que seja purgatório. Não é um tempo, não é um lugar. Como o nome indica, seria uma generosa oportunidade que Deus nos oferece para purgar, depurar, limpar as nossas impurezas. 

Também não se trata de um castigo, mas de uma escola. Um treinamento para a nossa paulatina integração na comunidade dos justos. 

Imagino que tal treinamento inclua muita oração e longos momentos de reflexão sobre os erros e omissões cometidos no relacionamento com os irmãos e irmãs aqui no mundo físico e sobre como cada um fez uso dos seus talentos. Incluiria também, provavelmente, um crescente esforço de domínio sobre os maus impulsos, além de exercícios diversos para o fortalecimento de nossas virtudes. 

Seria, enfim, uma preparação complementar das almas para a convivência amorosa, solidária e eternamente feliz com a população do céu. 
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(Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 27-4-2023)

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