Como as folhas caídas, o ontem se desfaz em lembranças que se esgarçam a bailarem em nosso quintal da memória. A folha, o vento vestido de palhaço arrasta para lá e para cá, faz diabruras com ela, tira-lhe pirueta, joga-a para cima e para os lados na fuzarca própria do palhaço, até se esquecer dela que não tendo para onde ir, se gruda a uma ranhura do solo ou em algo que a ampare.
E fica, silente, amargando pelo fim. As lembranças por sua vez, conseguem nos fazer de palhaços tristes ou alegres ao nos arrancar choros ou risadas. Dão piruetas em nosso humor e, no mais das vezes, jogam-nos para baixo nos cafundós da profundidade do arrependimento. Uma e outra estão em nossa vida por algum significado.
As folhas, mesmo quando desprendidas, têm dois destinos: ou servem de adubo se empregadas a sustentar a umidade do solo para outras plantas, ou são abruptamente juntadas num saco e postas à espera dos catadores.
Há, a bem dizer nesse discorrer, além dos de folhas, os catadores de passado.
Os de folhas nós conhecemos: usam uniformes no árduo trabalho de garimpar resíduos e coletam as folhas ensacadas que juntamos ao pé da árvore.
Já, os catadores de passado vivem dentro de nós, assentados no âmago do nosso querer. Não importa que a folha tenha sido útil enquanto verde pelo processo no qual produz transformando água, gás carbônico e energia solar em glicose e faça por si, a fotossíntese. Em um tempo, a árvore ditará o seu termo de vida.
De forma semelhante, os fatos por nós vivenciados ditarão se nosso ontem será triste ou alegre pela faculdade que nos faz guardar vivências e experiências com coisas, situações e pessoas.
Tal como a folha, os guardaremos conosco pela nossa finita vida como algo bom, ou eles ficarão conosco a amargar nossa saliva todas as vezes que deles nos lembrarmos. Se positivas as lembranças, será como as folhas reaproveitadas num viveiro a render alimento às plantas, se negativo estará num saco, socadas, à mercê do catador que nunca virá coletá-las.
Nosso tempo – passado, presente, futuro – tal como a árvore, precisa das folhas para sua sobrevivência e manutenção associadas às raízes que sustentam o todo, já que são elas que absorvem e mantêm a água e sais minerais do solo conduzindo-os pelo xilema (lenho) a se espalhar pela estrutura do caule ao último galho.
Nascemos e crescemos e, crescendo, adquirimos conhecimento (folhas) para pautar passos, gestos, falas, comportamentos, sociabilidade, humanidade que nos garante se bem aplicados, tenhamos o ontem saboreado como taças do melhor champagne. Se não, que soframos na consciência as punhaladas que seguramente nos picotarão por dentro.
O ontem preserva alusões e contendas filosóficas, mas na intimidade, as reminiscências podem ser comparadas à taça a representar esfuziante alegria, ou a punhais afinadíssimos a estocarem centímetro a centímetro o coração no desempenho da dor espelhada numa perda, num ato vil, num desejo associado a infausto. Nesse caso, a comparação folha-ontem, perde o senso.
A isso se dá o nome de ciclos, e o fim de cada um necessariamente não precisa significar algo ruim: aos bons, estenda-se a vida, aos ruins, a poda aplicando o segredo da árvore: se a folha produz, será mantida, senão, o fornecimento de seiva será cortado.
Para dizer que o fim de um ciclo sempre vai gerar uma oportunidade, é a chance da reciclagem com o aparecimento de novos conhecimentos, novos amigos, negócios, lugares, coisas, desejos, necessidades.
É o fazer da vida uma folha que mesmo tendo caído, dá-se à outra produzindo o seu sustento.
Melhor será se pudermos, nesses fins de ciclos, observar o recado e viver “como um pássaro que canta sob a chuva sem ralhar com ela, para que tenhamos memórias agradáveis que sobreviverão em tempos de tristeza”, de feliz produção de Robert L. Stevenson.
E fica, silente, amargando pelo fim. As lembranças por sua vez, conseguem nos fazer de palhaços tristes ou alegres ao nos arrancar choros ou risadas. Dão piruetas em nosso humor e, no mais das vezes, jogam-nos para baixo nos cafundós da profundidade do arrependimento. Uma e outra estão em nossa vida por algum significado.
As folhas, mesmo quando desprendidas, têm dois destinos: ou servem de adubo se empregadas a sustentar a umidade do solo para outras plantas, ou são abruptamente juntadas num saco e postas à espera dos catadores.
Há, a bem dizer nesse discorrer, além dos de folhas, os catadores de passado.
Os de folhas nós conhecemos: usam uniformes no árduo trabalho de garimpar resíduos e coletam as folhas ensacadas que juntamos ao pé da árvore.
Já, os catadores de passado vivem dentro de nós, assentados no âmago do nosso querer. Não importa que a folha tenha sido útil enquanto verde pelo processo no qual produz transformando água, gás carbônico e energia solar em glicose e faça por si, a fotossíntese. Em um tempo, a árvore ditará o seu termo de vida.
De forma semelhante, os fatos por nós vivenciados ditarão se nosso ontem será triste ou alegre pela faculdade que nos faz guardar vivências e experiências com coisas, situações e pessoas.
Tal como a folha, os guardaremos conosco pela nossa finita vida como algo bom, ou eles ficarão conosco a amargar nossa saliva todas as vezes que deles nos lembrarmos. Se positivas as lembranças, será como as folhas reaproveitadas num viveiro a render alimento às plantas, se negativo estará num saco, socadas, à mercê do catador que nunca virá coletá-las.
Nosso tempo – passado, presente, futuro – tal como a árvore, precisa das folhas para sua sobrevivência e manutenção associadas às raízes que sustentam o todo, já que são elas que absorvem e mantêm a água e sais minerais do solo conduzindo-os pelo xilema (lenho) a se espalhar pela estrutura do caule ao último galho.
Nascemos e crescemos e, crescendo, adquirimos conhecimento (folhas) para pautar passos, gestos, falas, comportamentos, sociabilidade, humanidade que nos garante se bem aplicados, tenhamos o ontem saboreado como taças do melhor champagne. Se não, que soframos na consciência as punhaladas que seguramente nos picotarão por dentro.
O ontem preserva alusões e contendas filosóficas, mas na intimidade, as reminiscências podem ser comparadas à taça a representar esfuziante alegria, ou a punhais afinadíssimos a estocarem centímetro a centímetro o coração no desempenho da dor espelhada numa perda, num ato vil, num desejo associado a infausto. Nesse caso, a comparação folha-ontem, perde o senso.
A isso se dá o nome de ciclos, e o fim de cada um necessariamente não precisa significar algo ruim: aos bons, estenda-se a vida, aos ruins, a poda aplicando o segredo da árvore: se a folha produz, será mantida, senão, o fornecimento de seiva será cortado.
Para dizer que o fim de um ciclo sempre vai gerar uma oportunidade, é a chance da reciclagem com o aparecimento de novos conhecimentos, novos amigos, negócios, lugares, coisas, desejos, necessidades.
É o fazer da vida uma folha que mesmo tendo caído, dá-se à outra produzindo o seu sustento.
Melhor será se pudermos, nesses fins de ciclos, observar o recado e viver “como um pássaro que canta sob a chuva sem ralhar com ela, para que tenhamos memórias agradáveis que sobreviverão em tempos de tristeza”, de feliz produção de Robert L. Stevenson.
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