BASTOU OLHAR para a jovem que parou ao seu lado e João Ninguém se encantou dela. Não só dela, igualmente do seu sorriso, da sua voz macia, da pele cheirando a alfazema. No conjunto da obra, também do rosto, do charme, da simplicidade, da sua altivez. A figura possuía um semblante diferente. Ele jamais havia visto um igual. O sorriso, então, o deixou, de pronto, em estado de êxtase total. Se tivesse aquela fofura em seus braços... se tivesse aquela deusa ao alcance dos seus carinhos e afagos, certamente seria o homem mais feliz na face da terra. João Ninguém se imaginou, por breves momentos, de braços dados com ela, trocando carícias e afagos. Sonhou acordado, estar andando pelas ruas, indo à missa na igrejinha local, passeando na praça, de mãos dadas, ou ao cinema, para assistir a um filme romântico.
Seus amigos ficariam com uma pontinha de inveja. Uma pontinha, não. A galera entraria em colapso. Todos se veriam à volta num deslumbramento difícil de ser descrito. Talvez até impossível de resumir em palavras. A beldade, do nada, simplesmente parou e sorriu. Se abriu num gracejo destilado de insinuações abertas a fazer com que, de pronto, seu coração conjecturasse devaneios construídos pelo calor de uma emoção que transbordava rebuliços inquietos e "zaragatados". Ele, ao vê-la assim, ao vivo e a cores, saiu do sério. Em contrapartida, ela não deixou margens a dúvidas. Seguiu se centuplicando ainda mais faceira, num inteiro amplificado que subia dos pés à raiz dos cabelos. Tudo assim, num relance inexplicável se recrudesceu exacerbado e envolto numa festa multicolorida de provocações pecaminosas.
João Ninguém, nesse momento, se viu arrancado do chão, como se flutuasse nas nuvens num infinito imarcescível. Se flagrou livre, leve e solto, colhendo estrelas em pleno sol à pino. Como um tresloucado transgressor, bebeu um gole de esperança num cálice imaginário. Um trago apenas bastou para salvar a imensidão da sua euforia adormecida. O bastante, contudo, para se embriagar dos encantos indescritíveis que fluíam como água de nascente de dentro dela, tipo um rio de leito bonançoso, inundando seus sonhos mais eloquentes. Ele, obviamente, não queria apressar seu coração. Não dessa vez. Em face de amores antigos vividos à trancos e barrancos, atrelados a paixões que não vingaram. Ele, num ímpeto forçado, tentou se abster de se enveredar por mais uma aventura.
Apesar dos casos “outrorais” que por uma série de jetaturas (azares) não deram em coisa alguma, o Cupido, a contrário senso, mais uma vez, lhe flechara. E os dardos acertavam seu âmago a ponto de, no minuto seguinte acabar novamente corroído por uma solidão sem fim. Uma solidão dorida, furiosa, sequiosa para maltratar seus pontos mais fracos e, logicamente, no mesmo rol, perturbar de modo assustador, a sua paz interior. João Ninguém tinha a impressão que os batimentos vindos de dentro de seu peito, saiam atropelando o relógio e os ponteiros de sua biografia. Nesse esmagar de emoções borbulhantes, e, em adequação aos encantos daquela deusa, algo inexplicável correu a bel prazer de um deslumbramento completamente fora de controle. Ele, bem sabia, não tinha autoridade diante de seus comandos.
Por assim, num instante inexplicável e indescritível, vinculado a um esgar nervoso e de sensações jamais experimentadas, se perdeu nos próprios passos. Bateu de frente tropeçando com um desconhecido até então nunca aquilatado, ou melhor, saboreado. O amor. O amor, de novo, se via ressurgindo de um simples olhar, de uma simples espiadela. Desse trocar de gestos suaves, desse fitar contemplativo, seu universo se fez mais exuberante e ele sorriu. Se insuflou doidamente como um menino bobo diante de uma coisa que ele não sabia o que era. Apesar de não saber do que se tratava, tinha escondido, dentro de si uma bússola que o norteava a dar de frente com uma convicção perene. Uma certeza robusta e perdurável. Uma estabilidade que faria a sua alma, assim do nada, de repente, não mais que num estalo impulsivo deixasse claro e consequentemente mostrasse às suas dubiedades e descrenças; seus almejos e ansiedades sem manchas.
Finalmente, algo lhe segredava. Encontrara o rosto, o semblante do seu meado faltoso. O núcleo paralelo e irreprimível, que o faria ser o cidadão mais feliz no fértil da terra e de um mundo que ele, até então, desconhecia completamente. Deixando o medo de lado, as dúvidas, retribuiu o alvissareiro do sorriso recebido. A moça batizada Ana Claudia, não esperou segunda ordem. Como se movida por uma força estonteante, se achegou e sem mais delongas se enleou num abraço. Foi um amplexo infantil, mas demorado, acalorado, inesperado. João Ninguém, a envolveu carinhosamente. Ternamente. Daí em diante, o milagre se fez sempiterno. Jubiloso, João Ninguém se abriu aos resplendores do amor. Se fez, exuberante e florescente. Convidou a moça para morar com ele. Assim, numa boa. Do nada. No atropelo. Ana Claudia, de pronto, aceitou. Deu certo. Vingou. Ano seguinte, uma filha engalanou a união de ambos. Por derradeiro, nascia e se perpetuava, por inteiro e sem resquícios, um novo JOÃO. Desta feita, um senhor JOÃO ALGUÉM.
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*Nota de rodapé do autor
A forma “mussarela”, sem dúvida, é a mais usada e já aparece registrada em alguns dicionários, contudo, contraria o nosso sistema ortográfico vigente e não está registrada no “Vocabulário Ortográfico da ABL.” Assim sendo, oficialmente, devemos grifar a palavra dessa forma: MUÇARELA. Lado idêntico, nas palavras estrangeiras (muçarela tem origem italiana, e vem oriunda de mozzarella) que sofreu processo de aportuguesamento. O mesmo se aplica à açaí, paçoca, açúcar e praça.
Seus amigos ficariam com uma pontinha de inveja. Uma pontinha, não. A galera entraria em colapso. Todos se veriam à volta num deslumbramento difícil de ser descrito. Talvez até impossível de resumir em palavras. A beldade, do nada, simplesmente parou e sorriu. Se abriu num gracejo destilado de insinuações abertas a fazer com que, de pronto, seu coração conjecturasse devaneios construídos pelo calor de uma emoção que transbordava rebuliços inquietos e "zaragatados". Ele, ao vê-la assim, ao vivo e a cores, saiu do sério. Em contrapartida, ela não deixou margens a dúvidas. Seguiu se centuplicando ainda mais faceira, num inteiro amplificado que subia dos pés à raiz dos cabelos. Tudo assim, num relance inexplicável se recrudesceu exacerbado e envolto numa festa multicolorida de provocações pecaminosas.
João Ninguém, nesse momento, se viu arrancado do chão, como se flutuasse nas nuvens num infinito imarcescível. Se flagrou livre, leve e solto, colhendo estrelas em pleno sol à pino. Como um tresloucado transgressor, bebeu um gole de esperança num cálice imaginário. Um trago apenas bastou para salvar a imensidão da sua euforia adormecida. O bastante, contudo, para se embriagar dos encantos indescritíveis que fluíam como água de nascente de dentro dela, tipo um rio de leito bonançoso, inundando seus sonhos mais eloquentes. Ele, obviamente, não queria apressar seu coração. Não dessa vez. Em face de amores antigos vividos à trancos e barrancos, atrelados a paixões que não vingaram. Ele, num ímpeto forçado, tentou se abster de se enveredar por mais uma aventura.
Apesar dos casos “outrorais” que por uma série de jetaturas (azares) não deram em coisa alguma, o Cupido, a contrário senso, mais uma vez, lhe flechara. E os dardos acertavam seu âmago a ponto de, no minuto seguinte acabar novamente corroído por uma solidão sem fim. Uma solidão dorida, furiosa, sequiosa para maltratar seus pontos mais fracos e, logicamente, no mesmo rol, perturbar de modo assustador, a sua paz interior. João Ninguém tinha a impressão que os batimentos vindos de dentro de seu peito, saiam atropelando o relógio e os ponteiros de sua biografia. Nesse esmagar de emoções borbulhantes, e, em adequação aos encantos daquela deusa, algo inexplicável correu a bel prazer de um deslumbramento completamente fora de controle. Ele, bem sabia, não tinha autoridade diante de seus comandos.
Por assim, num instante inexplicável e indescritível, vinculado a um esgar nervoso e de sensações jamais experimentadas, se perdeu nos próprios passos. Bateu de frente tropeçando com um desconhecido até então nunca aquilatado, ou melhor, saboreado. O amor. O amor, de novo, se via ressurgindo de um simples olhar, de uma simples espiadela. Desse trocar de gestos suaves, desse fitar contemplativo, seu universo se fez mais exuberante e ele sorriu. Se insuflou doidamente como um menino bobo diante de uma coisa que ele não sabia o que era. Apesar de não saber do que se tratava, tinha escondido, dentro de si uma bússola que o norteava a dar de frente com uma convicção perene. Uma certeza robusta e perdurável. Uma estabilidade que faria a sua alma, assim do nada, de repente, não mais que num estalo impulsivo deixasse claro e consequentemente mostrasse às suas dubiedades e descrenças; seus almejos e ansiedades sem manchas.
Finalmente, algo lhe segredava. Encontrara o rosto, o semblante do seu meado faltoso. O núcleo paralelo e irreprimível, que o faria ser o cidadão mais feliz no fértil da terra e de um mundo que ele, até então, desconhecia completamente. Deixando o medo de lado, as dúvidas, retribuiu o alvissareiro do sorriso recebido. A moça batizada Ana Claudia, não esperou segunda ordem. Como se movida por uma força estonteante, se achegou e sem mais delongas se enleou num abraço. Foi um amplexo infantil, mas demorado, acalorado, inesperado. João Ninguém, a envolveu carinhosamente. Ternamente. Daí em diante, o milagre se fez sempiterno. Jubiloso, João Ninguém se abriu aos resplendores do amor. Se fez, exuberante e florescente. Convidou a moça para morar com ele. Assim, numa boa. Do nada. No atropelo. Ana Claudia, de pronto, aceitou. Deu certo. Vingou. Ano seguinte, uma filha engalanou a união de ambos. Por derradeiro, nascia e se perpetuava, por inteiro e sem resquícios, um novo JOÃO. Desta feita, um senhor JOÃO ALGUÉM.
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*Nota de rodapé do autor
A forma “mussarela”, sem dúvida, é a mais usada e já aparece registrada em alguns dicionários, contudo, contraria o nosso sistema ortográfico vigente e não está registrada no “Vocabulário Ortográfico da ABL.” Assim sendo, oficialmente, devemos grifar a palavra dessa forma: MUÇARELA. Lado idêntico, nas palavras estrangeiras (muçarela tem origem italiana, e vem oriunda de mozzarella) que sofreu processo de aportuguesamento. O mesmo se aplica à açaí, paçoca, açúcar e praça.
Fonte:
Texto e nota enviados pelo autor
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