A espuma, artesã do mar,
à noite, chega e semeia
versos, à luz do luar,
nas vestes brancas da areia!
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Ao ver que o teu pranto existe
e, o teu consolo é chorar,
meu canto ficou mais triste
que o pranto do teu olhar!
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Ao ver teu rosto uma vez,
vi, pelo olhar indeciso...
Que com tanta timidez,
tu tens um lindo sorriso!
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As filhas são meus tesouros,
meus netinhos são meus guias,
Tornando mais duradouros
os feitiços dos meus dias!
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As mariposas pousando,
nas flores das violetas,
parecem anjos rezando
com asas de borboletas!
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Às vezes, sinto os teus passos,
mesmo em momentos dispersos,
compondo bem, os espaços
que há, nos passos dos meus versos!
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A vida com seus enganos
e os homens com seus engodos,
vão pondo mais desenganos
no mundo de quase todos!
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Em dolentes badaladas,
notas curtas, versos longos,
o sino, em notas cifradas
decifra velhos ditongos!
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Eu trago do meu Nordeste,
nos dedos de cada mão...
As marcas do solo agreste
dos pés secos do sertão!
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Mesmo que o amor se desfaça,
entre alguns desajustados...
Que nunca se acabe a graça
do dia dos namorados!
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Meus olhos te dizem tanto,
que ao vê-los, nos olhos teus...
Se cai gota do teu pranto
cai pranto dos olhos meus!
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Meus versinhos são retalhos
de antigas luzes pagãs,
presas aos versos grisalhos
dos sóis de minhas manhãs!
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Meu verso é fogo sagrado
com chamas de amor e paz!...
Mesmo depois de apagado,
sopra a cinza e se refaz!
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Morre uma estrela tão bela,
da noite, um lindo troféu;
no espaço, essa ausência dela,
vira um fantasma no céu!
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No meu ranchinho de palha,
nada me assusta, meu Deus!...
Nele, é que o amor se agasalha
nas conchas dos braços teus!
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Num pico, sobre as colinas,
há um velho mosteiro, ao longe,
onde as canções mais divinas,
são preces de um velho monge!
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O orgulhoso, é na verdade,
um cego sem ter visão,
que não percebe a humildade
da luz do sol pelo chão!
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O tempo com seus enganos,
cego em silêncio e sem voz,
de repente, muda os planos
dos planos de todos nós!
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Por mais, que se tente a fuga,
ninguém foge do desgosto
de ver que, o tempo sem ruga,
nos deixa rugas no rosto!
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Quando a musa nos alcança,
a infância, não tem fronteira;
o poeta, nasce criança
e é criança a vida inteira!
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Quando o teu olhar me enlaça,
mesmo se amargo, ele fosse,
minha alma, rindo me abraça
e, a vida fica mais doce!...
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Saudade é um trem carregado,
de mágoa, de pranto e dor,
que às vezes, traz do passado
velhas lembranças de amor!...
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Toda vez que uma esperança,
diz adeus e, não se explica,
nunca apaga da lembrança
a dor que na mente fica!
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Tuas mãos, ah... tuas mãos,
que ofertam lírios e cravos,
perfumam meus sonhos vãos
e as mãos dos sonhos escravos!
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Um canto que ainda persiste
na memória de nós dois...
Vem da voz do canto triste
de um velho carro de bois!
Fonte: Professor Garcia. Versos para refletir. Natal/RN: Trairy, 2021. Enviado pelo trovador.
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