Nasceu em Fortaleza, Ceará, a 11 de Março de 1910. Filho de Francisco Simões da Costa e Maria de Menezes Costa.
Residiu no Rio Grande do Sul desde os 17 anos de idade, onde fundou e dirigiu a revista “Clímax”, de feição tipicamente moderna. Pertenceu ao grupo chamado do Sul, ligado à Editora Globo, colaborando na “Revista do Globo” e “ Província de São Pedro”, e nas outras revistas e jornais daquele Estado.
Em 1942 foi para o Rio de Janeiro.
Bibliografia
“Poemas da Hora Amarga”, 1943 – Porto Alegre.
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" CANTIGA DE AGORA E SEMPRE "
Veio o vento. Veio a chuva.
Foi-se a lava. Onde o céu.
Um chão riscado de mágoas.
Um mar revolto de sonhos.
Perdido alguém sem razão.
Caiu a estrela no fundo.
Fundiu-se o astro nas algas.
Luziu o fogo, - por quem.
Estradas de não sei onde
cruzando o destino meu.
Apelos de toda parte
- caindo em brasa nas almas,
torcendo as rotas do mundo.
Cantiga de agora e sempre.
A! Meu amigo sem face,
meu irmão que não tem nome,
- tão em mim e além eu, -
murchou a rosa dos ventos
no caule de tuas mãos!
" DULCE, - MAR, ESTRELA E SONHO "
Dulce, - mar, estrela, sonho.
Mar de estranhas águas e roteiros.
Estrela e sonho em minha mão.
Que primeiro barco te singrara.
Que primeiro gesto te colhera.
Estrela e sonho em minha mão.
Mar de aventuras e naufrágios,
longas vozes ressoam no teu corpo,
e há tesouro submerso e navios perdidos em ti.
De que longínquo céu caíste em chamas.
Estrela e sonho em minha mão.
Há em tuas margens enseadas e abrigos,
Há no teu seio, - ilhas.
E passeio neles como um peixe ou uma nuvem,
Mar que mergulho, e afloro, e navego.
Estrela e sonho em minha mão.
" ELEGIA À BRANCA IRMÃ "
É, inútil inscrever o teu nome
na pauta perdida do sonho.
Correm lágrimas na face das esfinges
e no rosto dos mortos.
Agora a desolação.
Talvez, algum dia,
possa se inscrever com a mão pesada e dolorida de séculos
o teu simples nome de três letras, ingênuo e promissor.
Agora o insossego.
Agora a devastação.
As fontes secaram na alma dos homens.
Agora é inútil o teu nome.
Estou triste e desolado
como o leito sem água de um rio, abrasado de sol.
" POEMA À AMADA CONSTANTE "
Teus olhos estão lânguidos.
E nascem cardos e urzes no meu pensamento.
Teus lábios falam promessas e pedem consolo.
E sou a árvore muda destroçada pela tempestade do mar.
Me convidas para a viagem da tua ternura.
E me obstino em ignorar a tua presença compassiva,
em comer os frutos maus e amargos da terra,
em procurar o teu oposto e a tua negação,
quando tudo em mim arde por ti, minha paz e meu bálsamo.
Minha vida e meu chão estão cheios de cinzas, -
não manches a tua túnica límpida
pois quero-te assim branca e pura.
Meus ouvidos transbordam de gritos.
Minha garganta sufoca-se de brados.
E no meu mar interior
andam barcos de velas negras,
e feios pássaros de bico recurvo,
e é noite, sempre noite sobre as águas...
Espera,
que voltarei com meu lado melhor, redimido e teu.
" POEMA A MINHA MÃE MORTA QUE NÃO CONHECI "
A tua mão pálida e ausente
tracejando bênçãos sobre meus sonhos aflitos.
Onde estas que apenas te suponho.
Na raiz dos meus pensamentos
Na força obscura dos meus desejos melhores
És talvez esse vôo desgarrado de esperanças,
que há em mim.
És talvez esse veleiro em mar alto à procura de náufragos,
que há em mim.
Na minha vida és como uma ficção ou a lenda de um milagre.
Algo que ficou intangível e suspenso.
Entretanto,
eu guardo na boca a impressão do teu seio
e o gosto do teu leite e do teu sangue.
As palavras, a ternura, os devaneios teus
que se fundiram no silêncio
repousaram na minha carne, certamente.
A tua face esta voltada para mim em mim mesmo,
e talvez só agora que a reconheci
eu possa me chamar de teu f ilho.
Fonte:
Antologia da Nova Poesia Brasileira. J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948 .
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