Dizem
que na Grécia Antiga, muito tempo atrás, um jovem caçador chamado Órion
apaixonou-se por uma princesa de nome Mérope. Era filha do rei Enopião, com
quem morava numa ilha do Mar Mediterrâneo. Dona de grande beleza, Mérope era
muito amada pelo pai, que impedia os rapazes de se aproximarem da filha e
namorá-la.
Acontece
que Órion não era um jovem qualquer, mas filho do deus grego Posêidon,
conhecido na Roma Antiga como Netuno. Muito poderoso, esse deus reinava sobre
os mares. Com receio de deixar Posêidon zangado, Enopião permitiu a Órion
achegar-se à filha, com uma condição: devia capturar todos os animais ferozes
que infestavam seu reino. Sendo um hábil caçador, nosso herói aceitou a
proposta, pedindo a mão da princesa como prêmio pela façanha. Enopião nada respondeu
e Órion interpretou seu silêncio como consentimento.
Durante
um bom tempo o caçador enfrentou as feras, que por fim conseguiu aprisionar e
transportar para outra ilha, desabitada. Terminada a missão, ele imaginou que
pudesse, enfim, casar-se com Mérope. Contudo, os ciúmes de Enopião em relação à
filha falaram mais alto e ele escondeu-a do noivo num castelo.
Inconformado,
Órion começou a trazer os animais caçados de volta à ilha de Enopião. Numa de
suas viagens foi capturado pelos soldados do rei, que o cegaram e em seguida o
abandonaram numa praia deserta. Felizmente, o caçador cego foi encontrado por
um ciclope, gigante mitológico de um olho só, que o conduziu até Aurora, a
deusa do amanhecer. Apaixonada que era por Órion, ela restituiu-lhe a visão,
fazendo-o olhar para onde o sol nasce. Porém, mesmo com a vista totalmente
recuperada, o caçador não conseguiu casar-se com Mérope.
Tempos
depois apaixonou-se por Ártemis, a deusa da caça, conhecida entre os romanos
como Diana. Mas Ártemis tinha um irmão gêmeo, Apolo, muito ciumento dela.
Numa
bela tarde, os dois irmãos saíram para um torneio de arco e flecha. No caminho,
Apolo desafiou Ártemis a acertar um alvo no mar, perto da linha do horizonte.
Excelente arqueira, Ártemis aceitou prontamente o desafio e retesou o arco na
direção indicada pelo irmão.
Mal
sabia ela estar apontando para Órion, que nadava à distância e foi trespassado
por sua flecha certeira. No dia seguinte, andando a beira-mar, a deusa
encontrou o corpo morto do amado, com uma de suas flechas cravada no coração.
Pôs-se a chorar, mas era tarde, o mal estava feito.
Penalizado
com sua dor, Zeus, o maior dos deuses gregos, ofereceu-se para transformar
Órion numa constelação. Ártemis aceitou a oferta porque assim, pelo menos,
poderia ver seu amado no céu. A mesma sorte não coube aos dois cães fiéis de
Órion, que ganiam desesperados ao ver seu dono brilhando no céu noturno. Assim,
também eles foram transformados por Zeus em constelações. São elas Cão Maior e
Cão Menor, que podem ser vistas no céu junto ao gigante caçador nas noites
quentes de verão do hemisfério Sul.
Fonte:
Revista
Nova Escola
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