TEMA 1:
Quem do passado pretérito
vem com zelo a labutar
abrindo seu peito emérito
a tentar certo acertar,
também é quem tem o mérito,
a certeza lapidar,
sem sofisma e sem inquérito,
de amar e ter o que amar
TEMA 2:
Quem é livre para errar
livre o é para aprender,
é livre para acertar
livre pois para o dever
e mais ainda pra amar e tornar Vida um Prazer ! . . .
TEMA 3:
Não basta o aspeto estético,
a aparência pulcra e sã,
Importante é o sentir ético,
a palavra, a ação cristã
que cura e afasta o tétrico
pensar que a vida é tão vã,
sem haver sistema métrico
que a difira da pagã,
do egoísmo patético,
de ironia charlatã ! . . .
SAUDADE
Esta palavra “saudade”,
que a lusa língua domina
e a distingue, na verdade
doutamente nos inclina
às sutilezas da alma,
à vocação de amizade
plena, como simples
raridade,
cujo fluir é a calma,
doce expressão da bondade,
o amor, a tristeza,
fruir
carinho, beleza,
intimidade, certeza,
ansiedade, grandeza,
um sentir puro e estranho,
tal dimensão e tamanho
que outra língua não
ensina
nem tem a expressividade
ou a concisa lição.
Por isso é que nunca deixo
de cultivar amizade,
na mais pura singeleza,
- com brio, com qualidade
e sentimentos perfeitos,
com toda a
profundidade,
delicadeza,
resguardo, -
sem o que, só o
desleixo
e a ausência de humano
anseio,
falta à espontaneidade,
à sutileza, à
verdade,
e explica a temeridade
que é viver sem o receio
de ao descuidar da bondade
menosprezando amizade,
desprezar língua e saudade
! . . .
MÃOS
Mãos não mentem
quando esculpem
quando instigam,
quando mostram,
quando assentam
tateando a forma afeita
ao espaço indivisível,
à dimensão sem menção
por tão grande e
indizível;.
mãos não mentem
quando afagam,
quando tentam,
quando ajeitam,
quando curam,
quando aplaudem,
quando acenam,
quando indicam,
quando aliciantes argúem,
quando afirmam,
quando assentem,
quando intentam descobrir,
o que n’ alma já vem
feito;
Quando criativamente
Ao aludir não se iludem.
Mãos não mentem,
Usando melhor o seu
jeito,
ao mostrar
mais que perfeito
que Amor
arfando no peito
do autor
ou do
sujeito
tem
arcabouço escorreito
ATIRE A PRIMEIRA PEDRA
Que atire a primeira pedra
quem tiver muita coragem
pra manter sua viagem
em preito de vassalagem
ao mundo dos que só agem
por medo ou por abordagem
a padrões que ao ego fazem
.render qualquer
homenagem.
Que atire a primeira pedra
quem se sentir sem pecado
ou nunca tiver andado
por caminho que não medra
e não ache, desgraçado,
que assim esconde o
passado.
Que atire a primeira pedra
quem nunca tiver sentido
a consciência pesada,
a injustiça vivido,
ou jamais tenha sofrido
por traição à sua amada,
por caprichos do azar,
por um amor escondido
sem jamais o confessar
que eram favas contadas
a viver alma enganada
no néctar de mau lagar.
Que atire a primeira pedra
quem não saiba perdoar,
quem nunca tenha aprendido
a sentir dor por amar,
nem jamais se arrependido
pela pressa em prejulgar
ou espere que de pedra
venha um dia a se livrar !
. . .
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