3. FUNÇÃO CONATIVA, APELATIVA ou IMPRESSIVA:
A palavra como “apelo”.
Bühler atribui às palavras a função de “apelo”, na medida em que o emissor pretenda, com sua mensagem verbal, agir sobre o interlocutor, convidando-o a realizar algo.
De natureza volitiva ou coercitiva. Centrada no destinatário, visa a influenciar seu comportamento. É representada pelo vocativo ou pelo imperativo nas ordens, nas propagandas, nas admoestações, nas persuasões. Tem em vista provocar um resultado.
Em situações do cotidiano, empregando a língua oral, é muito comum utilizar-se a palavra como “apelo”... Imagine, por exemplo, que você encontre na rua um amigo de quem goste muito. Há algum tempo vocês dois não se vêem. Conversam sobre vários assuntos e então você se despede, fazendo-lhe um convite:
“Aparece lá em casa sábado, prá gente papear mais e ouvir uns discos novos que comprei.”
Alguns linguistas denominam essa função de “impressiva”. A função “impressiva” (ou “apelativa”) é observada não só na linguagem cotidiana, mas também na literatura e sobretudo na propaganda, já que, nesse caso, o objetivo é agir sobre o “recebedor”, induzindo-o a consumir o produto anunciado. Procure observar os anúncios que você vê na televisão, em revistas, jornais e nos “out-doors” espalhados pela cidade. Você vai perceber que o “apelo” às vezes não se faz lingüisticamente de maneira explícita, direta, mas sempre vem implícito, subentendido nos recursos visuais, utilizados para impressionar o recebedor, possível consumidor do produto.
Os recursos lingüísticos que possibilitam ao recebedor o reconhecimento da função “impressiva” na mensagem enunciada são os seguintes:
= na língua oral:
- emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
- tom de ordem, pedido ou súplica, observado na enunciação da mensagem,
- emprego do vocativo;
= na língua escrita:
- emprego do verbo no imperativo (afirmativo ou negativo),
- pontuação,
- emprego do vocativo.
Um exemplo literário para a função impressiva da linguagem:
Brisa (BANDEIRA, Manuel)
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus livros, meus amigos, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Observamos a função impressiva sobretudo no primeiro, terceiro e último versos do poema.
É possível encontrar a função impressiva também em letras de música:
“Ëspere por mim, morena, espere, que eu chego lá,
o amor por você, morena, faz a saudade me apressar.”
(Gonzaga Jr. - “Espere por mim, morena”).
Considerando as observações feitas e os exemplos dados, podemos concluir que:
a função da linguagem será IMPRESSIVA, quando as palavras forem utilizadas como APELO ao RECEBEDOR, atuando sobre este, no sentido de o influenciar, convidando-o a tomar uma atitude qualquer.
Continua…
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