quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Walmir Cardoso (Lenda grega recontada: O Leão de Neméia)


Era uma vez um homem chamado Anfitrião, que vivia em Tebas, cidade da Grécia Antiga. Ele era casado com Alcmena, neta de Perseu. Tão linda era Alcmena, que Zeus, o poderoso deus dos deuses gregos, caiu de amores por ela. Alcmena, porém, era fiel ao marido. Mas, um belo dia, Anfitrião teve de viajar por alguns dias e não avisou à mulher quando ia voltar. Aproveitando-se disso, Zeus assumiu a forma física do esposo e passou a viver com Alcmena como se fossem casados. 

Algum tempo depois, ao tomar conhecimento de que Alcmena estava grávida, Zeus, imaginando que o bebê fosse seu filho, declarou que o próximo descendente de Perseu seria o soberano da Grécia. Porém, antes que Alcmena tivesse seu nenê, uma artimanha de Hera, a ciumenta esposa de Zeus, fez nascer antes outra criança que tinha o sangue de Perseu — Euristeu — que então tornou-se rei.

Logo em seguida Alcmena deu à luz não um, mas dois bebês: Hércules, filho de Zeus, e Íficles, filho de Anfitrião. Quando os bebês tinham oito meses de vida, a deusa Hera, morrendo de ciúmes de Alcmena e do filho que ela havia tido com seu amado, decidiu eliminar o pequeno Hércules mandando colocar em seu berço duas imensas serpentes. Felizmente, o bebê já tinha a força de um semi-deus e deu cabo dos dois bichos com as próprias mãozinhas! 

Anfitrião e Alcmena deram a Hércules e Íficles a melhor educação que se podia ter na época: eles aprenderam a dirigir carruagens, a usar o arco e flecha, a usar a lança e a tocar lira. Aos 18 anos, Hércules destacava-se entre todos os outros rapazes, por ser de longe o mais alto e o mais forte. Nunca errava uma flechada ou um golpe de lança e seu olhar resplandecia. Com o tempo, tornou-se um herói que todos chamavam quando precisavam de proteção ou de alguém que lhe garantisse o sucesso numa luta. Foi depois de uma dessas lutas vitoriosas que Hércules casou-se com Megara, uma das princesas do reino vencido, e com ela teve vários filhos. 

Do Monte Olimpo, a morada dos deuses gregos, Zeus observava a vida aventurosa do filho com ternura, o que deixava Hera cega de ódio. Por fim, ela decidiu destruir a reputação de Hércules para que Zeus o desprezasse. Hera fez com que o herói tivesse um ataque de loucura e matasse a mulher e os próprios filhos. Quando voltou a si e viu o que tinha feito, Hércules ficou desesperado e correu a consultar uma sacerdotisa para saber que castigo poderia purificá-lo de seu terrível crime.

A sacerdotisa disse-lhe que devia servir ao rei Euristeu por doze anos. A cada ano, Hércules deveria realizar um trabalho dificílimo. Quando os trabalhos estivessem completos, ele estaria livre de seu crime, tornaria-se imortal como o pai e poderia viver com este no Olimpo. O primeiro trabalho que Euristeu deu a Hércules foi trazer-lhe a pele do leão de Neméia, um monstro terrível, com fama de indestrutível, que vinha aterrorizando a região há um certo tempo. 

Hércules aceitou o encargo e partiu para Neméia, levando um arco, uma lança e uma clava que ele mesmo havia feito. Ao avistar a fera, o herói disparou uma flecha em sua direção. Mas a flecha nem sequer arranhou a pele do animal. Hércules decidiu então atacar o monstro com a clava, atraindo-o para uma caverna que tinha duas entradas. Tapou uma delas com pedras, entrou pela outra e, depois de uma luta feroz, conseguiu estrangular a fera, passando a usar sua pele como manto. A bravura do animal, porém, foi reconhecida por Zeus, que o transformou na constelação do Leão, que hoje brilha no céu do hemisfério Sul na entrada do outono.

Fonte:
Revista Nova Escola

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