O espetáculo se baseia na história de um mestre capoeirista do início do século XX para recriar o clima e a cultura dos rituais afro-brasileiros.
Manoel Henrique Pereira, nascido em 1885 e conhecido como o capoeirista Besouro Mangangá, ou simplesmente Cordão-de-Ouro, é citado no livro Mar Morto, de Jorge Amado. O interesse pela personagem faz o compositor e letrista Paulo César Pinheiro empreender uma pesquisa que leva ao texto teatral e à composição de dez músicas para o espetáculo, cada uma delas homenageando um toque de berimbau da capoeira.
'A peça busca preservar o caráter lendário, fazendo a história de Besouro desfilar ao sabor dos relatos de outros célebres capoeiristas, que levaram adiante o seu legado de arte e irreverência', diz o texto do programa. A história do capoeirista não é contada em forma de uma biografia linear, mas por meio de pequenas narrativas, causos, cantos e dança.
João das Neves, é ex-integrante do Grupo Opinião e um dos símbolos do teatro de resistência ao regime militar nos anos 1960. Ele dirige o espetáculo que, por intermédio do protagonista, dá voz à cultura brasileira de origem africana. A sonoplastia ao vivo utiliza um violão e instrumentos de percussão - berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e apito.
Com um subtítulo que afirma que o espetáculo é 'um dos mais emocionantes e bonitos da temporada', a crítica Barbara Heliodora do jornal O Globo comenta: "A direção de João das Neves (com assistência de Bya Braga) tem o grande mérito de preservar o talento inato de seus intérpretes, com marcas que favorecem a imagem do espontâneo e um contato próximo porém não invasivo com o público, que se sente a todo momento provocado a acompanhar o ritmo com palmas. Nada poderia ilustrar tão bem a disseminação do mito de Besouro quanto o momento em que todos os elementos do enredo masculino contam, ao mesmo tempo, diferentes histórias de sua vida. É um trabalho excepcional. (...) Besouro Cordão-de-Ouro é um momento precioso do teatro e da descoberta do Brasil..." [1]
Notas
[1]HELIODORA, Barbara. Uma Preciosa Descoberta do Brasil, O Globo, Rio de Janeiro, 21 dez. 2006.
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