terça-feira, 27 de novembro de 2012

Jornais e Revistas do Brasil (Città di Caxias – periodico semanal)


Período disponível: 1913 a 1922 
Local: Caxias do Sul, RS 

Fundado em Caxias do Sul (RS) em 1º de janeiro de 1913, Città di Caxias se definia como “periodico settimanale d’interesse coloniale”, ou seja, um semanário voltado para os interesses da colônia italiana, em especial aquela formada no Sul do Brasil. Foi dirigido inicialmente por Ernesto Scorza, embora o proprietário tenha sido sempre Emilio Fonini. Circulando tanto em italiano quanto em português, era impresso em tipografia própria, primeiro a vapor e depois elétrica, em tamanho standard.

Desde que foi lançado, o jornal teve boa aceitação de público e grande adesão de anunciantes. Inicialmente com quatro páginas por edição, em pouco tempo aumentou o número para seis. Um ano depois de sua fundação, quando engrossou sua cobertura internacional por causa da Primeira Guerra Mundial, Città di Caxias já circulava com oito ou dez páginas. Em geral, eram publicados artigos, reportagens, crônicas, editais municipais, telegramas internacionais, informes a pedidos, discursos de autoridades italianas, além de muitos anúncios.

Crítico e opinativo, sempre enaltecendo o labor e os valores morais da colônia italiana, o semanário abordou assuntos diversos, em geral de interesse local – sobretudo em seus primeiros tempos. Tiveram destaque em suas páginas questões relativas ao sistema de trabalho em cooperativas, aplaudindo-se o empreendedor cooperativista local Giuseppe de Stefano Paternò, e o deficiente transporte férreo regional, na série “La compagnia della morte”, que criticava provavelmente a belga Compagnie Auxiliare, a qual desde 1905 administrava a ferrovia que ligava Porto Alegre a Caxias. Por ocasião de grandes acontecimentos na Europa ou, sobretudo, na Itália, o foco se voltava para o velho continente. Durante a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, Città di Caxias acompanhou detidamente o conflito, porém sob ponto de vista italiano. Isto o levou a divulgar propaganda de guerra, como a suposta notícia de que marinheiros da frota alemã teriam oferecido um berço tingido de sangue francês a uma princesa da família imperial germânica (edição de 30 de agosto de 1916). 

O jornal tratava de economia e comércio, agricultura (sobretudo viticultura), enologia, indústria, impostos, serviços, variedades em colônias dos arredores de Caxias (Nova Milão, Nova Pádua, Nova Vicenza etc.), cotidiano administrativo oficial e forense, infraestrutura, política brasileira, saúde e atendimento médico, educação e instrução pública, eventos e festividades, questões ligadas à infraestrutura e peculiaridades urbanas de Caxias, futebol, cultura e entretenimento, atualidades científicas, personalidades ilustres regionais, casos de polícia, lições morais e comportamento, acontecimentos políticos e variedades internacionais, religião, turismo, entre outros assuntos.

Simpático à intendência municipal do major José Penna de Moraes, o periódico chegou a lançar em 1915 um suplemento de cerca de 40 páginas “dedicato all’Esimo Presidente dello Stato Del Rio Grande do Sul”, Antônio Augusto Borges de Medeiros, autoridade sempre louvada pelo jornal. Ali, entre registros fotográficos de Caxias e informações gerais sobre os municípios de Bento Gonçalves, Alfredo Chaves e Antônio Prado, aplaudia-se ainda a figura de Pinheiro Machado e diversas iniciativas comerciais locais. 

A partir da edição nº 137, de 20 de outubro de 1915, o jornal passou a ter Silvio Dal Zotto como gerente. No nº 165, de 18 de maio de 1916, ainda com Ernesto Scorza como diretor-geral, o cargo passou a Mario Rey Gil. Pouco tempo depois, novas mudanças: com o falecimento de Scorza, em 14 de julho de 1916, Giuseppe Buzzoni e Luigi Bancalari assumiram a direção da folha. Rey Gil também não figurava mais ali, tendo a gerência ficado diretamente com o proprietário Emilio Fonini. No nº 185, de 16 de novembro do mesmo ano, Ercole Donadio acabou substituindo a dupla Buzzoni-Bancalari. Mesmo mantendo-se em seu cargo, Donadio desapareceria do expediente do jornal em outubro de 1917, momento em que nenhum nome aparecia como responsável pela direção.

Città di Caxias terminou 1917 fazendo campanha para a reeleição de Borges de Medeiros à presidência do Rio Grande do Sul. Nesse momento, seu expediente vinha apenas com Ernesto Scorza como fundador e com o endereço da redação: o nº 28 da rua Sinimbú. 

Iniciando 1918, o periódico deixava de lado questões mais ligadas ao cotidiano colonial e à economia agrícola locais, dando maior atenção à realidade italiana e à política brasileira e europeia. O número de páginas reduzira-se para quatro e a quantidade de anúncios não era a mesma, embora ainda tomassem boa parte das edições.

Ercole Donadio mudou-se para Porto Alegre, deixando a direção do semanário a José Joaquim de Vargas. Com a morte deste último em outubro do mesmo ano (ver edição do dia 19), o jornal passou a ser dirigido por Adolpho Peña, que cerca de um mês depois deixou o cargo para Benício Dantas. Na ocasião, M. Marchetinni tornou-se o redator principal.

Em 1919, Benício Dantas substituiu Marchetinni no cargo de redator-chefe por Ulysses Castagna, até então responsável principalmente pela coluna de viticultura e enologia do jornal (mesmo com a promoção, a coluna continua sendo publicada, com mais destaque). No ano seguinte, a direção passou a Arthur de Lavra Pinto.

Segundo as informações disponíveis, Città di Caxias circulou apenas até 30 de setembro de 1922, quando foi publicada edição nº 464. Em seus últimos momentos, a folha publicava mais textos em português do que em italiano. 

Foram também colaboradores do jornal Giuseppe de Stefano Paternò, Octavia Paternò, V. Bornancini, Guido d’Andrea, Antonio Casagrande, Mario Mariani, Silvio Becchia, Jacintho Godoy, Samorim Gustavo de Andrade, entre outros.

Fontes
 1. Acervo: edições do nº 1, ano 1, de 1º de janeiro de 1913, ao nº 464, ano 10, de 30 de setembro de 1922. Disponível em http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/città-di-caxias

Nenhum comentário: