quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Aparecido Raimundo de Souza (Coriscando Três) Pra tudo há solução


Os dois homens,  o senhor Alceu e o senhor Moacir, conversam na porta do  galpão. O galpão é de propriedade do senhor Alceu, que aparentemente parece furioso.

Senhor Alceu:

— Só me responda uma pergunta, senhor Moacir

Senhor Moacir:

— Se estiver ao meu alcance...

Senhor Alceu:

— Estará, com certeza. O velho Euclides me deu a cunha. Seu Assis passou nos cobres o machado, seu Jânio foi na feira de domingo e trocou os quadros por batatas, cenouras, melancias e bananas.. Aquele baixotinho... Diabo, como era mesmo o nome dele?

Senhor Moacir:

— O Pero Vaz?

Senhor Alceu:

— Esse mesmo. Nome mais desgraçado!

Senhor Moacir:

— O que tem o senhor Pero Vaz?

Senhor Alceu:

— Vendeu a caminha onde dormia para meu filho Bisoião.

Senhor Moacir:

— E lhe deu o dinheiro, certamente?

Senhor Alceu:

— Não. Botou no bolso e deu linha à pipa. O Silvio, que parecia ser o mais responsável, fugiu pra Santos. O Fernando, sabino que só ele, anoiteceu e não amanheceu, o Paulo, outro sem vergonha, me deixou um coelho. Nem sei o que vou fazer com o pobre bichinho. E o Guimarães, quase bati nele. Deu uma rosa para minha esposa. Carinha safada, esse um... Afinal, nessa confusão toda, seu Moacir, quem me pagará o aluguel aqui do galpão que eu aluguei pra vocês?

Senhor Moacir:

— Seu Cristóvão.

Senhor Alceu:

— E posso saber com quê?

Senhor Moacir:

— Claro

Senhor Alceu:

— Então diga ai...

Senhor Moacir:

— Co’ lombo.    

Fonte:
Texto enviado pelo autor.

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