"As vigas de nossa casa são de cedro;
suas traves, de cipreste”
(Ct. 1.16)
suas traves, de cipreste”
(Ct. 1.16)
Lembram o azul do brilhante
Teus radiantes olhos vivos,
Contemplando a liberdade,
Que não mais te está distante.
Que dia feliz é este,
Oh, doce realidade!
Têm o frescor do jasmim
Os teus discretos cabelos;
Aroma e suavidade,
Que nunca se viu assim.
Que dia feliz é este,
Oh, doce realidade!
O mais ardoroso humor
Cora tua face tão alva,
Com suspiros de ansiedade
De um coração de amor.
Que dia feliz é este,
Oh, doce realidade!
Libertar-te-ão dos grilhões,
Meiga pomba dos meus sonhos,
Unirá a felicidade
Os nossos dois corações.
Que dia feliz é este,
Oh, doce realidade!
Que vá embora a tristeza!
Enxuga a lágrima, amor!
Abraçando a liberdade,
Serás feliz, com certeza...
Que dia!.. Quanta alegria!.
Oh, doce realidade!..
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O ROUXINOL
"Nosso leito é um leito verdejante."
(Ct. 1.16)
(Ct. 1.16)
Fica comigo nesta noite, amor!
A voz do rouxinol quisera ter!
Desejo ser teu único cantor,
Pra te afagar até no amanhecer!
Quem dera, ouvisses belas melodias,
Que só um rouxinol sabe cantar!
Na rede de carinho cairias
Pra que o amor te fosse balançar!
Esquece, agora, as noites enfadonhas,
Que passaste chorando abandonada!
É hora de viver tudo o que sonhas,
Sentindo-te do mundo a mais amada.
Que bom, se ouvisses líricas poesias
Na voz suave de um trovador!
No leito de ternura estremecias,
Gozando dos embalos deste amor.
Não terias cruentos dissabores,
Que te amarguram tanto o coração;
Bem longe do demônio dos horrores,
Serias bem feliz, minha paixão!
Oh, noite escura! - Noite sem luar!
Verei a luz brilhar na escuridão;
Teus olhos vão meus olhos namorar,
E vou encher de amor teu coração.
Fica comigo nesta noite, ó flor!
A voz do rouxinol quisera ter!
Nesta noite terias muito amor!
- Que bom se não houvesse o amanhecer!…
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TRISTESSE*
"Dizei ao meu amigo que estou
enferma de amor."(Cf. 5.8)
"A tristeza que me consome
não é por mim;
A dor que me devora
é só por ti".
enferma de amor."(Cf. 5.8)
"A tristeza que me consome
não é por mim;
A dor que me devora
é só por ti".
Que dia sombrio escurece-me agora,
A minha tristeza já invade-me a vida;
Difícil momento! Sou alma que chora!
E sinto que em mim há profunda ferida.
Com muita tristeza, um lamento de dor.
É dia sangrento o que vivo - má hora!
Alguém desta vida sofreu tanto horror?
- Eu sei que minh'alma está triste e só chora.
A dor é maior quando é dor da vergonha,
Seria remédio deixar-se morrer;
Mas, como deixar esta vida risonha,
Se a felicidade só está no viver?
A vida vazia é destino ferido,
Viver sem razão é bem pior que o morrer;
A vida é feliz quando tem um sentido,
E quando há amor já compensa o viver.
Os olhos só enxergam o superficial,
A essência se esconde no íntimo ser;
Os olhos que veem no amor grande mal
Destroem a essência e não devem viver.
Compreende-se fácil a Filosofia,
Existe uma linha na própria razão;
Às vezes, difícil entender a Poesia
- Mistério é razão de um sutil coração.
É grande a tristeza que tenho, por ora,
Sabendo que o mundo propõe descaminho;
Amor - compreensão - a minh'alma te implora;
No teu coração quero ter meu cantinho.
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Tristesse: (Fr.) Tristeza.
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VOU-ME EMBORA
VOU-ME EMBORA
"Gosto de sentar-me à sua sombra."
(Ct. 2.3)
(Ct. 2.3)
Foi assim tão de repente
Que falaste, sem demora,
Entre lágrima dolente*:
'"Tchau, amor, eu vou-me embora!"
Oh, não! Fica mais um pouco!
Jamais sejas meu açoite!
Apenas, por ti, sou louco!
Fica!.. Fica até à noite!
Não me dês a solidão!
Fica mais, não vás embora!
Este amor não é em vão!
Fica, pois, até a aurora!
Quem te fala é um grande amor,
Não o deixes na saudade!
És o meu maior valor!
Fica... até à eternidade!
E não fales mais assim!
Vê que muito te suplico:
Vive um pouquinho pra mim!
Dize-me somente; "Eu fico!"
Com tais rogos de aflição,
Que de sobra aqui se vê,
Disseste, dando-me a mão;
"Vou-me embora... com você!"
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*Dolente: Magoada, cheia de dor, lastimosa.
Fonte:
Enviado pelo poeta.
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas. Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Enviado pelo poeta.
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas. Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
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